De volta à oposição no
Congresso após 13 anos à frente do Palácio do Planalto, o PT ainda não afinou o
discurso. Após a cassação de Dilma Rousseff, o partido tenta encontrar a melhor
maneira de se contrapor ao governo Michel Temer, que tem tido uma alta taxa de
fidelidade da base aliada nas votações. Na Câmara, o partido se viu obrigado a
abrir espaço na liderança da minoria para deputados que antes eram vistos como
coadjuvantes. Também se reaproximou de aliados históricos, como PCdoB e PDT, e
petistas adotaram discursos mais alinhados com a esquerda.
"Estamos numa condição
muito minoritária, é difícil a gente ter uma vitória sobre o governo neste
momento", disse o deputado Carlos Zarattini (PT-SP). Nos últimos meses, a
nova oposição foi "tratorada" no plenário pela base governista.
Conseguiu impor seis horas de obstrução na votação do projeto de lei que retira
da Petrobras a obrigação de ter de investir nos campos do pré-sal, mas teve
pouca força de reação para impedir a aprovação, em primeiro turno, da PEC do
Teto - a primeira grande medida do ajuste fiscal de Temer no Congresso.
Desgastado, o PT tinha a prerrogativa de reivindicar a liderança da minoria,
mas aceitou dividir a tarefa num esquema de rodízio com PCdoB e PDT. Petistas
do Senado admitem que não estavam preparados para se tornar oposição e que,
apesar de o impeachment ter durado quase nove meses, não houve qualquer
planejamento.
"Estamos trocando o
motor com o carro em funcionamento", afirmou a senadora Gleisi Hoffmann
(PT-PR). "A gente teve que fazer essa reorganização com o bonde
andando", disse o líder do PT na Casa, Humberto Costa (PE).
Agencia Brasil
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