Dois matutos de Monteiro no
Cariri paraibano, cansados da seca e das promessas dos políticos, decidiram
tentar a vida em uma cidade grande. Venderam o burro, o jumento e o cavalo e na
esperança de um dia voltar, rumaram para o Rio de Janeiro.
Chegando lá, por sorte,
arranjaram empregos de serventes em uma pequena construção, o salário era
pequeno mal dava para sobreviver e raramente sobravam alguns trocados para
enviarem para aos familiares na Paraíba.
Durante o período do
carnaval dois árabes, fazendo turismo no Rio, passaram em frente à obra e viram
os paraibanos de enxadas nas mãos, mexendo areia e cimento. O sol estava
escaldante e os nordestinos suavam até pela ponta do nariz. Os turistas se
aproximaram e admirados de tanta bravura, perguntaram quais os salários dos
dois. Eles informaram que ganhavam o salário mínimo e que era muito pouco.
Os turistas, perguntaram se
eles não aceitavam ir morar na Arábia Saudita e trabalhar lá recebendo salários
mais justos. Os paraibanos esclareceram que não seria possível viajar para um
lugar tão longe, pois faltava o dinheiro das passagens. Os árabes afirmaram que
isto não seria um problema já que os mesmos estavam de avião particular e daria
para levar os dois.
Depois do carnaval e após
uma prece ao Padim Pade Ciço, os nossos irmãos embarcaram para mais uma
aventura. Quando o avião estava sobrevoando o deserto do Saara, apresentou uma
pane, sendo necessário um pouso não programado.
Um dos paraibanos desceu do
avião, olhou em frente só viu areia, do lado direito areia, do lado esquerdo e
na parte de trás também só se via areia e ai ele com ar de preocupação virou-se
para o companheiro e falou: Severino, nóis tamo é lascado quando chegar o
cimento!
Por Severino Nunes de Melo
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