O secretário estadual de
Saúde, João Gabbardo, anunciou na manhã deste sábado que vai suspender
temporariamente no Rio Grande do Sul o uso do larvicida Pyriproxyfen em
reservatórios de água potável. O produto é indicado pelo Ministério da Saúde no
combate ao Aedes agypti e utilizado no Brasil desde 2014.
A motivação foi um relatório
divulgado nesta semana pela organização médica argentina Physicians in the
Crop-Sprayed Towns, que relaciona o uso do produto ao período e ao local de
maior manifestação da doença. O Pyriproxyfen é utilizado, sobretudo, em regiões
carentes de saneamento, onde a população precisa armazenar água em casa devido
ao racionamento.
— Tomamos essa decisão em
função destas pesquisas. Até que provem ao contrário e que se tenha uma
manifestação de que é seguro, não vamos mais usar. Estamos olhando para uma
associação de fatores: a utilização desse larvicida pode ter efeito
teratogênico (causar má-formação em fetos e embriões), que junto ao zika vírus
pode potencializar a situação — defende Gabbardo.
O secretário confirma que já
enviou uma orientação aos municípios para que suspendam imediatamente o uso do
larvicida. A utilização do Pyriproxyfen, porém, ainda é permitida em locais
onde há água parada que não seja para o consumo.
— No Rio Grande do Sul é
pouco usado, as áreas que precisam estão mais no interior, onde não há água
encanada. A quantidade seria
insuficiente para causar qualquer efeito, mas mesmo assim, por precaução,
achamos melhor não usar — afirma.
No Brasil, o larvicida
começou a ser utilizado no fim de 2014, principalmente em regiões do Nordeste —
local e período a partir do qual foi detectada maior incidência de casos de
microcefalia —, em substituição ao Temephos, não mais utilizado devido à
resistência do mosquito.
O coordenador-geral do
Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde, Giovanini
Coelho, enfatiza que o produto é recomendado pela OMS e afirma que não há
provas científicas robustas que associem a microcefalia ao larvicida. Para
Coelho, o relatório não teria embasamento científico e seria até de certa forma
de "cunho ideológico".
— Respeitamos a decisão do
secretário da saúde, uma vez que ele é o maior gestor do SUS no Rio Grande do
Sul. Mas acreditamos que não foi uma avaliação baseada em fundamentos técnicos.
Não há estudos epidemiológicos que comprovem essa ligação. O que sem tem, até
agora, são opiniões — declara.
Com Informações do Zero Hora
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