Miudinho, abugrado, Clóvis,
um exímio caçador não trabalhava. Tinha três filhos, e quando não caçava,
passava o tempo pescando no Rio Corumbá. Ele dependia da pesca e da caça, assim
como a família. Mas o que ele mais gostava era de caçar guariba, uma espécie de
macaco, muito comum por lá. Do coitado do bichinho até a cabeça aquela família
degustava.
Clóvis tinha como mais velha
uma filha muito bonita e graciosa cujo nome não consigo me lembrar. Na flor da
idade e pronta para o altar. Eu, ainda jovem já estava de olho nela.
Certa vez, chegando de
surpresa em sua pequena cabana, encontrei aquela moça degustando, feliz, uma
cabeça de guariba. Levei um susto. Esquisito aquela cena; ela com as duas mãos,
segurando aquela coisa num prato com farinha, posto sobre o colo!
Numa certa manhã de domingo,
Clóvis, com o seu nobre desejo de degustar uma caça, preparou solenemente sua
espingarda “porveira “( aquela de carregar pela boca).
Chamou pelo nome seu
cãozinho Pitoco, de quem se orgulhava muito e juntos adentraram aquela mata
repleta de bichos. Seria uma caçada e tanto, pois logo na primeira avançada,
Pitoco, também faminto, acoou uma penca de Guaribas dependurada num ingazeiro a
devorar seus preciosos frutos. era uma família de guaribas e aquele era o
momento, imaginou ele, apontando para o bicho maior. Já ia puxar o gatilho
quando o bicho posou suplicante para ele, apontando com as mãos as tetas cheias
de leite. Era uma fêmea tentando lhe mostrar que se tratava de uma mamãe grávida.
Recolhendo sua arma, Clóvis
o caçador, voltou para casa e nunca mais caçou.
Do livro de contos e poesias
Poeira e flor vol II.
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