As discussões sobre as
ocupações dos estudantes contra o fechamento das escolas no Estado de São Paulo
não podem se limitar a partidos políticos ou a regiões geográficas, uma vez que
a triste realidade é que a Educação no Brasil, há décadas, é tratada com
descaso pelos governantes de todas as esferas do poder. O sucateamento do
sistema educacional brasileiro não é "privilégio" de um ou outro
partido. De fato, esse processo iniciou-se a partir da década de 60, quando
foram alteradas significativamente as diretrizes do ensino público, que era de
qualidade e foi sendo suprimida, tanto em estrutura física quanto à estrutura
intelectual, a exemplo de matérias importantes, que despertavam uma visão mais
aguda e crítica da sociedade.
Importante ressaltar que o
definhamento, apodrecimento e iminente desabamento das estruturas do ensino não
podem, em hipótese alguma, serem atribuídos aos professores, mas sim à falta de
incentivo e planejamento dos governos, que desvalorizaram os docentes,
transformando a profissão, que é base de todas as outras, em subcategoria na
sociedade. Ao invés da Educação ser compreendida como elemento transformador,
de evolução social para a construção de uma nação forte, desenvolvida e
igualitária, no Brasil, a falência velada do sistema educacional reflete que a
ignorância ainda é forte instrumento de dominação social.
A ocupação dos estudantes
nas escolas tem um significado amplo: representa que o futuro não está
massificado e que ainda existem jovens que lutam por um Brasil com direitos e
possibilidades para todos. Nesse contexto, resistir não é somente um termo
referente à ocupação física das escolas, é também resistir ideologicamente
contra um sistema que insiste em manter milhões de pessoas à margem de uma vida
digna.
Os brasileiros já são
privados de muitos direitos. Que agora não se inicie um processo para privar o
direito a pensar.
Carlos Andreu Ortiz
Presidente do Sindicato
Nacional dos Aposentados, Pensionistas e
Idosos
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