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sábado, 14 de novembro de 2015

Represas e lagoas secam pela primeira vez no interior de BA e PI




PAVASSU (PI) E REMANSO (BA) - A falta de chuvas que já dura quatro anos no Nordeste secou, pela primeira vez, represas e lagoas do interior de Bahia e Piauí. Considerada a pior dos últimos 50 anos, a seca prejudica a produção agrícola e a criação de animais na região. Sem emprego, a maior parte da população vive basicamente com o dinheiro do Bolsa Família. O Rio São Francisco, mais importante fonte de água do semiárido, registra os níveis mais baixos da história. O volume útil da represa de Sobradinho, por exemplo, deve acabar entre o fim do mês e o começo de dezembro, segundo a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). As ruínas de ao menos duas cidades baianas que foram inundadas na década de 1970 para a construção do reservatório estão visíveis: Casa Branca e Remanso. Os bares que ficavam na prainha de Remanso tiveram que se deslocar cinco quilômetros para se manter à beira do São Francisco.
É muito triste ver que o rio ficou desse jeito. Antes era como um mar, você não via onde acabava. Agora a gente olha e vê bancos de areia no meio, consegue andar na terra que ficava embaixo d’água — diz o comerciante Guilherme de Souza, de 51 anos, enquanto olha o cais da cidade antiga, que emergiu há três meses. No interior do Piauí, moradores se depararam, em setembro, com o fim da lagoa de Pavussu, uma das maiores do estado e utilizada para abastecimento humano e pesca. O reservatório sumiu há dois meses devido à falta de chuva e ao represamento de córregos feito por fazendeiros. Só sobrou terra rachada. Essa lagoa foi até tema de música, era a coisa mais bonita. Hoje não tem uma gota d’água e não sei quanto tempo vai demorar para ela voltar ao normal — afirma a dona de casa Maria Ozélia de Macedo Souza, de 45 anos.
A água superficial é uma das poucas fontes da região, já que é difícil encontrar poços subterrâneos. Em São Raimundo Nonato (PI), moradores dizem que precisam cavar até 200 metros para achar água — imprópria para beber. A situação é de total colapso — diz Carlos Humberto Campos, coordenador da ONG Articulação do Semiárido (ASA) no Piauí. — Boa parte das cidades está dependendo de carro-pipa e cisterna. Mesmo quem fugiu da seca sofre com os efeitos da falta de chuva. Nascida no Piauí e dona de um bar em Petrolina (PE), Perpétua Raimunda da Silva, de 73 anos, lembra de como criou os filhos na seca e diz que tudo melhora se chover:
Precisa chover para esse sofrimento acabar. A previsão do Inmet, porém, é de que as chuvas fiquem abaixo da média até janeiro. Falta d’água acaba com empregos e prejudica pecuária e produção agrícola.



Ascom Força Sindical


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