“Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma viatura, sou
ladrão, e vós, porque roubais em uma força pública, sois governador?”
Num momento em que se rouba em escala oceânica no Brasil,
nada mais apropriado que citar trechos do clássico Sermão do Bom Ladrão,
pronunciado em 1655 pelo padre jesuíta Antônio Vieira, em Portugal, na presença
do rei D. João IV e sua corte.
O padre Antônio Vieira, nascido em Portugal em 1608, veio
para o Brasil ainda criança, foi um grande orador sacro, cujos sermões se
tornaram célebres não apenas pela retórica brilhante (barroca), como pelo
conteúdo polêmico de muitos deles, uma vez que esse jesuíta defendia os
cristãos novos ( judeus convertidos), indispondo-se com a Inquisição. Lutava
contra a escravização dos índios, reprovava a conduta dos colonizadores que
vinham para o Brasil ou iam para outras colônias de Portugal e, sobretudo,
criticava a corrupção e a impunidade dos poderosos.
A obra literária de Vieira se constitui dos seus sermões, dos
quais alguns dos mais conhecidos, além deste, são “O sermão da sexagésima”
(“saiu o semeador a semear”),"Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de
Portugal contra as de Holanda", "Sermão de Santo António aos
Peixes", entre muitos outros.
Vieira deixou cerca de 700 cartas e 200 sermões.
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