Confrontado por senadores em audiência da Comissão de
Assuntos Econômicos (CAE), o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não descartou a
possibilidade de apresentar proposta para criar novos tributos.
"Seria inadequado dizer que jamais trarei imposto
novo", disse. O ministro ressaltou que o governo vem trabalhando com o
reajuste de índices, e não com a criação de tributos. Levy disse também que
baixar tarifas externas é um "tópico interessante". A afirmação foi
em resposta ao senador José Serra (PSDB-SP), que defendeu uma diminuição da
importância dada ao Mercosul e investimento em acordos bilaterais com outros
Países. "Diminuir o protecionismo externo é importante", disse.
O ministro afirmou que é preciso parcimônia na adoção de
medidas, como o programa de swap cambial do Banco Central. "Tudo que a
gente dá com uma mão, acaba com o BC tirando com a outra", disse. "A
gente precisa de muita disciplina com a mão esquerda, e eu sou canhoto",
completou. Levy disse que o governo tem que continuar tomando todas as medidas
permitidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para atingir a meta de
superávit fiscal para este ano. A declaração foi dada após questionamentos de
senadores sobre o déficit primário de R$ 7,3 bilhões em fevereiro. Ele apontou
que o projeto de mudança na desoneração da folha de pagamentos, que
economizaria R$ 5 bilhões, deve agora levar a uma economia de R$ 3 bilhões, por
conta da demora na aprovação. "Quanto maior a demora, maior o desafio para
o cumprimento da meta", completou.
O ministro disse ainda que sempre é difícil reduzir despesas
e que é necessário a atenção do Senado para não criar gastos permanentes.
"Temos que estar sempre atentos para que não caiamos em uma armadilha
fiscal que paralise, de criar gastos permanentes que diminuam as margens de
manobra do governo", afirmou.
Levy alegou que não é capaz de dizer qual será a trajetória
da inflação ou da Petrobras. "Me declaro mais incompetente do que outros
antecessores e não consigo definir quando é que (a inflação) vai convergir. A
questão da inflação está nas mãos de gente extremamente competente",
completou. O ministro disse que o Banco Central está "remoçando" a
equipe e elogiou o órgão.
"Mesmo situação complexa tem soluções. Exige coragem
política e convencimento da sociedade", completou.
Poder & Politica
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