Em novembro passado, o juiz Sergio Moro determinou a prisão
de executivos de oito empreiteiras acusadas de saquear os cofres da Petrobras
e, com o dinheiro roubado, pagar propina a políticos alinhados ao governo,
sobretudo do PT, PMDB e PP. Se o mensalão resultara na prisão da antiga cúpula
petista, o petrolão levava à cadeia, sob a suspeita de corromperem agentes
públicos, destacados financiadores de campanhas eleitorais. Batizada de Juízo
Final, essa etapa da Operação Lava-Jato era a aposta dos investigadores para
chegar ao comando do maior esquema de corrupção do país.
Em depoimentos formais, delatores e operadores já haviam dito
que os cofres da empresa eram surrupiados como forma de levantar recursos para
comprar apoio partidário ao governo. O quebra-cabeça estava quase montado.
Faltava, no entanto, que um grande empreiteiro informasse quem ordenara essa
transação criminosa. Faltava a identificação do chefe, do cabeça, do
responsável pelo desfalque bilionário.
Para esclarecer essa dúvida, o Ministério Público começou a
negociar acordos de delação premiada com executivos de construtoras. Já o
governo colocou ministros em campo a fim de mantê-los em silêncio. Essa queda
de braço se desenrola há quase cinco meses. Investigadores e advogados de
defesa compartilham da mesma análise: quanto mais o tempo passa, maior a
probabilidade de um empreiteiro de primeira linha contar o que sabe e,
portanto, maior a agonia do governo. Mas essa agonia, ao que parece, está perto
de acabar.
Revista Veja
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