A fusão partidária planejada pelas direções nacionais do PTB
e do DEM está esbarrando na recusa da bancada petebista no Congresso Nacional.
Na reunião ocorrida ontem à noite, 25 parlamentares da legenda se posicionaram
de forma contrária à fusão imediata, numa bancada que congrega 25 deputados
federais e três senadores. O principal motivo do impasse está no fato das
legendas assumirem posturas antagônicas em relação ao governo Dilma Rousseff (PT).
“Imagine Getúlio Vargas e Carlos Lacerda se aliando”, brincou o deputado
federal Zeca Cavalcanti (PTB-PE), lembrando a histórica desavença entre o
ex-presidente da República e seu implacável oposicionista. Os petebistas não
querem abrir mão de sua sigla, do número 14, nem da posição no governo federal,
fortalecida pela presença de seu nome de maior destaque, o pernambucano Armando
Monteiro Neto, no posto de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior. O mesmo vale para o papel de oposicionista no âmbito estadual.
Considerando que os democratas se posicionam de maneira
totalmente oposta nas duas esferas, a rejeição à união foi interpretada pelos
opositores da ideia como um ato de coerência. “O que eles dizem é que a
intenção é criar um partido maior e mais forte. Eu não sei como seria
politicamente mais forte, já que seria um partido partido, reunindo princípios
políticos diferentes”, refletiu o deputado federal Jorge Côrte Real (PTB-PE). Nos
acordos entre a presidente nacional do PTB, Cristiane Brasil, e o presidente
nacional do DEM, o senador José Agripino (RN), os grandes entusiastas da
proposta, a sigla do PTB seria mantida, mas o novo partido adotaria o número 25
do DEM nas urnas. Enquanto Cristiane Brasil permaneceria na presidência, os atuais
democratas Mendonça Filho (PE) e Ronaldo Caiado (GO) continuariam liderando a
bancada na Câmara e no Senado, respectivamente. Nesse cenário, o novo PTB faria
oposição ao Planalto no Congresso.
Zeca Cavalcanti duvida que essa seja a melhor maneira de ampliar
a bancada numericamente. “Com uma fusão, pelo menos 12 parlamentares saem do
PTB na mesma hora. Isso é trocar seis por meia dúzia”, argumentou. Além das
divergências políticas, o modo “de cima para baixo” como as negociações vem
ocorrendo irritaram os petebistas. “Estava havendo uma conversa muito adiantada
entre as duas executivas. Quando a gente deu por si, o pessoal do DEM disse que
já estava fechado”, criticou Cavalcanti, que reclamou da falta de diálogo.
“Eles não abriram essas conversas para os parlamentares. O que faz o partido
existir são as bancadas”, ressaltou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário