Ao tornar as empresas nacionais inidôneas abrimos mercado
para a concorrência estrangeira atuar em áreas estratégicas para o país. Caso
prevaleça a ideia de que a melhor forma de se curar dor de cabeça é cortando-a
fora, estaremos jogando nossos empregos e tecnologia no lixo e estrangulando o
desenvolvimento das nossas indústrias. Se nossas empresas se tornarem
inidôneas, esse risco pode contaminar toda a economia, fazendo dos problemas
uma calamidade.
É a partir da tecnologia que o país se torna independente
economicamente e as empresas, mais sólidas e competitivas. O processo contrário
gera empresas "ocas", responsáveis apenas por montar e distribuir
tecnologia estrangeira, sem qualquer retorno para o país, que se torna mais
vulnerável a intempéries conjunturais. Nossa expectativa é que haja
providências imediatas dos órgãos competentes para atenuar e reverter os
prejuízos da Lava Jato, que penalizam a classe trabalhadora. É possível
afirmar, como já se disse, que a Lava Jato, ao completar um ano neste mês,
representa para nós o que a Operação Mãos Limpas significou para o povo
italiano: o enfrentamento qualificado de uma organização criminosa infiltrada
nas estruturas do Estado.
Por isso, conclamamos que o juiz federal Sergio Moro continue
firme, sabendo que toda a sociedade espera que os resultados vislumbrem novos
horizontes e rupturas.
Alinha-se ao desafio de punir culpados sem matar as empresas
um outro, tão ou mais importante: o Estado agir para conter os efeitos
colaterais do remédio aplicado no organismo moribundo. Só não é justo trucidar
o setor de infraestrutura, impedindo-o de atuar, gerar empregos e tecnologia.
Miguel Torres é presidente da Força Sindical Nacional
Nenhum comentário:
Postar um comentário