O carnaval baiano hoje é maior do que nunca. Estima-se que em
2007, gerou por volta de 250 milhões de dólares. Imagens de comboios transportando bandas de
música pelas avenidas da beira mar e da cidade, com dezenas de milhares de
pessoas dançando livremente em torno deles, se tornaram uma marca registrada
pela qual o carnaval da Bahia é reconhecido mundialmente. Seu diferencial mais
importante, incansavelmente repetido pelo marketing nacional e internacional, é
de ser uma festa de rua, capaz de transformar os espectadores em bailarinos, de
ser um espetáculo de "participação popular", como freqüentemente se
diz.
É importante lembrar porém que, pela parte maior da sua
história, o desfile oficial do carnaval baiano diferenciava-se acentuadamente
da festa atual, em particular no que respeita a 'participação popular'. Até
finais dos anos 1940, o desfile, tradicionalmente realizado na área que incluia
Campo Grande, Avenida Sête e a Praça Municipal (hoje Praça Thomé de Souza), foi
exclusivamente voltado as classes altas, com os clubes carnavalescos como
Fantoches da Euterpe, Cruz Vermelha e Inocentes em Progresso [2] descendo pela
avenida, entre bandas de sopro, carros alegóricos e um corso de automóveis
importados, representando assim uma vitrine para a riqueza e o poder das elites
locais.
As comunidades pobres, a maioria demográfica da cidade,
ficavam confinados para festejar em áreas periféricas ao desfile (Terreiro de
Jesus, Baixa dos Sapateiros & Largo de São Miguel, Barroquinha, Saúde,
Tororó, Garcia, etc.) e bairros mais remotos (Liberdade, Cosme de Farias,
Engenho Velho de Brotas, Ribeira, Itapajipe), sem muitas opções em participar
diretamente no evento oficial que não seja assistindo e aplaudindo. Esta
divisão rígida começou a desabar no início da década de 1950, quando o
engenheiro de mecânica Osmar Macêdo e o radiotécnico Dodô Nascimento decidiram
de desafiar o desfile ofical, tocando os seus instrumentos eletrificados
caseiros acima de um velho Ford 1929.
História & Atualidade
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