Com 452 votos a favor, 18 contra e uma abstenção, a Câmara
aprovou nesta terça-feira (10) o segundo turno da proposta de emenda à
Constituição do orçamento impositivo. Como não houve mudança no texto – os
deputados rejeitaram um destaque supressivo do Psol -, a matéria segue para
promulgação do Congresso Nacional. A PEC torna obrigatória a execução das
emendas de parlamentares, que normalmente são alvo de contigenciamento pelo
governo federal. A proposta determina a execução obrigatória das emendas
parlamentares ao orçamento até o limite de 1,2% da Receita Corrente Líquida
(RCL) no orçamento da União. O texto prevê ainda um percentual mínimo de
investimento em ações e serviços públicos de saúde, definindo que metade do
valor das emendas deverá ser aplicada no setor e computada no mínimo que a
União deve gastar nesses serviços todo ano.
Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), relator da receita do
orçamento 2015, existe um “erro conceitual” na aprovação das emendas
impositivas. Ele entende que a Câmara altera uma prerrogativa da União, que é
estabelecer a estrutura das leis orçamentárias no país. O deputado gaúcho
acrescentou que os parlamentares favoráveis à proposta não apresentaram
sugestões similares nos seus estados. “O único poder que passará a ter emendas
de caráter impostivo seremos nós”, afirmou o petista. Oposicionistas
classificam a aprovação do orçamento impositivo como uma forma de independência
do Legislativo com relação ao governo federal. “Para que as emendas
parlamentares possam ser usadas pelos deputados sem intervenção do Executivo”,
disse o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP). O tucano lembrou que todos os anos
se vêr uma “verdadeira peregrinação” de parlamentares para conseguirem executar
as emendas. “Isso submete o Legislativo brasileiro a uma chantagem praticada
pelo executivo nas votações mais importantes”, comentou.
De acordo com o regimento da Câmara, só é possível apresentar
destaques supressivos. Ou seja, para tirar algumas partes do texto, não podendo
acrescentar novidades à proposta. O Psol queria excluir a a progressividade do
aumento de recursos destinados ao setor de saúde pública. A PEC prevê que em
2020 os gastos federais com saúde chegue a 15% da RCL. Para este ano, o percentual
seria de 13,4%. “O
piso representa uma perda concreta de R$ 7 bilhões para a
saúde”, lamentou o líder do Psol, Chico Alencar (RJ). A emenda acabou rejeitada
por 427 votos a 44.
A ideia inicial do presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), era ter votado o segundo turno ontem (9). No entanto, a sessão de
segunda-feira não foi aberta com o número mínimo de 51 parlamentares,
obrigatório para a contagem do interstício entre os turnos. Mesmo assim, a
presença de parlamentares foi maciça nos dois dias. Hoje, o ex-deputado
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que presidiu a Casa até 31 de janeiro,
acompanhou a votação do plenário.
Congresso em Foco
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