A petição entregue ao juiz da Corte de Nova York pelo
escritório americano Wolf Popper em conjunto com o Almeida Advogados destaca
como exemplo um aposentado brasileiro que perdeu US$ 1,5 milhão recentemente
com aplicações em papéis da Petrobrás, de acordo com o documento obtido pelo
Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Robert Gomes de Melo tem 62
anos e trabalhou na firma de auditoria PricewaterhouseCooper por vários anos.
Ele adquiriu 104,2 mil American Depositary Receipts (ADRs), recibos que
representam ações da Petrobrás e são negociados na Bolsa de Valores de Nova
York (NYSE), e teve prejuízo de US$ 1,53 milhão por "violações da empresa
brasileira de leis federais dos EUA" ao não divulgar adequadamente o
esquema de corrupção.
Outro exemplo citado na petição é de outro investidor
brasileiro, Jacob Licht, de 70 anos, também aposentado e que perdeu US$ 640 mil
no período da ação, que vai de maio de 2010 a novembro do ano passado.
Corretor, ele trabalhou em diversas corretoras no Brasil e nos EUA nos últimos
30 anos. "Eu tomei a decisão de investir na Petrobrás baseada em
comunicados públicos emitidos pela empresa", afirma ele na petição. Os
dois exemplos são uma tentativa de convencer o juiz federal Jed Rakoff, da
Corte de Nova York, de que a má gestão e a falta de governança da Petrobrás
provocaram enorme prejuízo aos investidores. Os advogados pediram ontem que os
dois investidores virem líderes da ação coletiva contra a petroleira.
O advogado André de Almeida, do escritório Almeida Advogados,
que patrocina a ação ao lado do Wolf Popper, diz que a ação coletiva recebeu
centenas de adesões, inclusive de fundos e gestoras de fortunas com perdas
maiores que os dois investidores citados. Os juízes, porém, não costumam se
impressionar com os prejuízos de instituições financeiras, que operam
diariamente e especulam com papéis de empresas e governos, sabendo dos riscos
que estão correndo, ressalta Almeida. Segundo ele, a Justiça tende a se
sensibilizar mais quando as perdas atingem "pessoas comuns, que perderam
dinheiro real".
Na sexta-feira (06), terminou o prazo para adesão às ações
coletivas ("class actions", como são conhecidas nos EUA) abertas
desde dezembro em Nova York contra a Petrobrás. Até agora há cinco ações
coletivas na Corte, uma das quais é da cidade de Providence, do Estado de Rhode
Island, e as demais de investidores. A tendência é que todas as ações sejam
reunidas numa só.
Ascom Força Sindical
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