O deputado federal Bebeto Galvão (PSB) ficou estarrecido com
a decisão da Petrobras de publicar um edital de licitação para contratar blocos
para a construção dos equipamentos da indústria naval no país através de grupos
estrangeiros, proibindo a participação de empresas brasileiras nos serviços. Bebeto,
que é presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada e Montagem
Industrial (SINTEPAV) e secretário-geral da Confederação Nacional dos
Trabalhadores da Construção, avalia que essa postura configura um verdadeiro
“tiro no pé” e um espancamento sem precedentes ao processo de reconstrução do
setor industrial naval do Brasil, iniciado pelo ex-presidente Lula, que permitiu
ao país uma escala de crescimento, garantindo possibilidades para a melhora da
indústria nacional, com a reformulação dos modelos de contratação, de forma que
garantiu o fortalecimento do conteúdo nacional. O processo de desenvolver
indústrias nacionais busca criar tecnologias que permitem o retorno do
investimento para a sociedade. A partir da tecnologia o país se torna mais
independente economicamente e as empresas ficam mais sólidas e competitivas. O
processo contrário gera empresas "ocas", responsáveis apenas por
montar e distribuir tecnologia estrangeira, sem qualquer retorno para o país e
tornando a nação mais vulnerável a intempéries conjunturais.
A retirada das empresas brasileiras dos editais vai contra ao
objetivo de criar empresas competitivas e geradoras de tecnologias, portanto, é
desfavorável aos interesses do país. A indústria internacional que não
incorpora tecnologia espolia a sociedade e só atende ao interesse de poucos. É
necessário tempo para criação de tecnologia e o impedimento de empresas
nacionais corta o aprendizado, o que inviabiliza o "learning by
doing" e a competitividade, forçando o país a se manter dependente de
tecnologia estrangeira e reforçando o paradigma de país produtor de
commodities, enfraquecendo as cadeias produtivas de tecnologia mais alta. Galvão
denuncia ainda que “essa medida desastrosa pode representar a demissão de cerca
de 100 mil trabalhadores em todo o país e o início de um caos sócio econômico
gigantesco.” É preciso iniciar um processo de mobilização com diversos
sindicatos para protestar contra a decisão da Petrobras e, caso a situação não
seja revertida, promover uma greve da classe trabalhadora em todas as
atividades da Petrobras no território brasileiro. Para se ter uma ideia, cerca
de 300 mil trabalhadores terceirizados atuam a serviço da estatal e deste
montante 80 mil trabalhadores estão na indústria naval.
Bebeto espera que a presidenta Dilma Rousseff adote medidas
contra a decisão da gestora da Petrobras, Graça Foster, que cometeu esse
verdadeiro boicote à economia nacional. “Isso é um absurdo sem tamanho. Não
estou reconhecendo em que Brasil estamos vivendo, o país que deveria priorizar
a política industrial, que gera riquezas, bens e serviços para fortalecer a
economia nacional, mas está simplesmente a promover um loteamento do país para
grupos estrangeiros. Não podemos aceitar isso. Ou o governo soluciona esse
disparate ou os trabalhadores irão realizar uma paralisação nas mesmas
proporções”, avisa Bebeto.
Ascom Força Sindical
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