O Grito nasceu de duas
fontes distintas, mas, complementares. De um lado, teve origem no Setor
Pastoral Social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), como uma
forma de dar continuidade à reflexão da Campanha da Fraternidade de 1995, cujo
lema – Eras tu, Senhor – abordava o tema Fraternidade e Excluídos. De outro
lado, brotou da necessidade de concretizar os debates da 2ª Semana Social
Brasileira, realizada nos anos de 1993 e 1994, com o tema Brasil, alternativas
e protagonistas. Ou seja, o Grito é promovido pela Pastoral Social da Igreja
Católica, mas, desde o início, conta com numerosos parceiros ligados às demais
Igrejas do CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs), aos movimentos
sociais, entidades e organizações.
Nos dois casos, podemos
afirmar que a iniciativa não é propriamente criada, mas descoberta, uma vez que
os agentes e lideranças apenas abrem um canal para que o Grito sufocado venha a
público. A bem dizer o Grito brota do chão e encontra em seus organizadores
suficiente sensibilidade para dar-lhe forma e visibilidade.
O pressuposto básico do
Grito é o contexto de aprofundamento do modelo neoliberal como resposta à crise
generalizada a partir dos anos 70 e que se agrava nas décadas seguintes. A
economia capitalista globalizada, a precarização das relações de trabalho e a
guerra por novos mercados geram massas excluídas por todo o mundo,
especialmente nos países periféricos.
Os movimentos sociais
reagem. No Brasil, as Igrejas cristãs juntamente com outros parceiros promovem
na década de 90 as Semanas Sociais. Cresce a consciência das causas e efeitos
da exclusão social, como o desemprego, a miséria e a violência, entre outros. O
fruto amadurece e nasce o Grito dos Excluídos. Trata-se de uma forma criativa
de levar às ruas, praças e campos o protesto contra esse estado de coisas. Os
diversos atores sociais se dão conta de que é necessário e urgente dar
visibilidade sócio-política à indignação que fermenta nos porões da sociedade,
os excluídos/as. Se o mercado tem o direito de dobrar as autoridades políticas
com seu “nervosismo”, os setores marginalizados da população também podem e
devem tornar pública sua condição de excluídos.
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