Compromissos, metas, prazos
e a necessidade de fazer o máximo sempre em um ritmo muito intenso. O
ex-governador Eduardo Campos era conhecido pelo perfil dinâmico e ágil que
exigia resultados de si e de quem estava ao seu redor. Para ele o tempo urgia e
assim viveu suas últimas 24h. A terça-feira era um dia importante. À noite
daria uma entrevista ao Jornal Nacional e, para isso, passou horas estudando.
Treinou o discurso, revisou promessas, atualizou-se das notícias correntes. Por
nota, os entrevistadores Willian Bonner e Patrícia Poeta comentaram a passagem
dele pelos estúdios da emissora. Era a primeira vez que conversavam
pessoalmente com o candidato. Contaram que o clima nos bastidores foi tranquilo
e que Campos sorria muito. "Comentei que as perguntas que fazemos sempre
são as necessárias, que não surpreenderiam os assessores dele. Eduardo Campos
retrucou, sorrindo: 'o problema é quando surpreendem o candidato'”, escreveu
Bonner. A candidata a vice, Marina Silva, que acompanhava a agenda, chegou a
brincar: “o media training dele foi com o Miguel”, o filho caçula do
socialista.
A esposa, Renata Campos e
filho Miguel estiveram com Eduardo durante toda a terça-feira. A única
atividade pública dele no Rio de Janeiro era um encontro com Cardeal Acerbispo,
Dom Orani Tempesta, que ocorreu às 14h na Arquidiocese da capital fluminense.
Na volta para o hotel, cumprimentou funcionários os sempre sorridente. A um dos
manobristas, deu um santinho com a foto dele ao lado da vice. Pela tarde Campos
recebeu ligações de lideranças políticas. A maioria para ao fechar agendas.
Entre as pessoas com quem falou o amigo Beto Albuquerque (PSB). “Conversamos
pouco antes da entrevista. Falamos sobre campanha e definimos a agenda para a
quinta-feira. Era a inauguração do comitê central aqui em Brasília. Ele estava
muito animado com tudo”, comentou o candidato ao Senado. Eduardo Campos
concedeu ainda outra entrevista naquela noite, esta para a Globo News. Voltou
tarde para o hotel e dormiu ainda mais tarde. Era quase meia-noite e falava com
aliados e amigos pelo telefone. Para eles, afirmava ter sentido que se saiu bem
das entrevistas e que a campanha ganharia ainda mais fôlego. “Telefonei para
ele após o programa. Conversamos sobre a entrevista e eu disse que ele tinha se
saído muito bem. Ele se mostrou muito animado”, lembrou o candidato ao governo
do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB). O socialista disse que Campos
também fez várias perguntas sobre a campanha do correligionário. “A última frase
que ele me disse foi: ‘se prepare que você vai governar o DF”.
Ontem, Eduardo Campos
acordou cedo. Ligou para o irmão, Antônio Campos e às 7h40 saiu apressado do
Hotel Sofitel, no Posto 6 da Praia de Copacabana, Zona Sul do Rio, com destino
ao aeroporto Santos Dummont. Despediu-se da esposa e do filho mais novo e
embarcou, 9 minutos antes do previsto, às 9h21, rumo ao Guarujá. O avião modelo
Cessna 560XL, prefixo PR-AFA, caiu às 10h. Às 12h30 era confirmada a notícia de
que Eduardo Campos, cinco integrantes da campanha e piloto e co-piloto haviam
falecido.
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