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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

As últimas 24h de Eduardo Campos



Compromissos, metas, prazos e a necessidade de fazer o máximo sempre em um ritmo muito intenso. O ex-governador Eduardo Campos era conhecido pelo perfil dinâmico e ágil que exigia resultados de si e de quem estava ao seu redor. Para ele o tempo urgia e assim viveu suas últimas 24h. A terça-feira era um dia importante. À noite daria uma entrevista ao Jornal Nacional e, para isso, passou horas estudando. Treinou o discurso, revisou promessas, atualizou-se das notícias correntes. Por nota, os entrevistadores Willian Bonner e Patrícia Poeta comentaram a passagem dele pelos estúdios da emissora. Era a primeira vez que conversavam pessoalmente com o candidato. Contaram que o clima nos bastidores foi tranquilo e que Campos sorria muito. "Comentei que as perguntas que fazemos sempre são as necessárias, que não surpreenderiam os assessores dele. Eduardo Campos retrucou, sorrindo: 'o problema é quando surpreendem o candidato'”, escreveu Bonner. A candidata a vice, Marina Silva, que acompanhava a agenda, chegou a brincar: “o media training dele foi com o Miguel”, o filho caçula do socialista.
A esposa, Renata Campos e filho Miguel estiveram com Eduardo durante toda a terça-feira. A única atividade pública dele no Rio de Janeiro era um encontro com Cardeal Acerbispo, Dom Orani Tempesta, que ocorreu às 14h na Arquidiocese da capital fluminense. Na volta para o hotel, cumprimentou funcionários os sempre sorridente. A um dos manobristas, deu um santinho com a foto dele ao lado da vice. Pela tarde Campos recebeu ligações de lideranças políticas. A maioria para ao fechar agendas. Entre as pessoas com quem falou o amigo Beto Albuquerque (PSB). “Conversamos pouco antes da entrevista. Falamos sobre campanha e definimos a agenda para a quinta-feira. Era a inauguração do comitê central aqui em Brasília. Ele estava muito animado com tudo”, comentou o candidato ao Senado. Eduardo Campos concedeu ainda outra entrevista naquela noite, esta para a Globo News. Voltou tarde para o hotel e dormiu ainda mais tarde. Era quase meia-noite e falava com aliados e amigos pelo telefone. Para eles, afirmava ter sentido que se saiu bem das entrevistas e que a campanha ganharia ainda mais fôlego. “Telefonei para ele após o programa. Conversamos sobre a entrevista e eu disse que ele tinha se saído muito bem. Ele se mostrou muito animado”, lembrou o candidato ao governo do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB). O socialista disse que Campos também fez várias perguntas sobre a campanha do correligionário. “A última frase que ele me disse foi: ‘se prepare que você vai governar o DF”.

Ontem, Eduardo Campos acordou cedo. Ligou para o irmão, Antônio Campos e às 7h40 saiu apressado do Hotel Sofitel, no Posto 6 da Praia de Copacabana, Zona Sul do Rio, com destino ao aeroporto Santos Dummont. Despediu-se da esposa e do filho mais novo e embarcou, 9 minutos antes do previsto, às 9h21, rumo ao Guarujá. O avião modelo Cessna 560XL, prefixo PR-AFA, caiu às 10h. Às 12h30 era confirmada a notícia de que Eduardo Campos, cinco integrantes da campanha e piloto e co-piloto haviam falecido.

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