Não há dúvida de que os
protestos de multidões, nas ruas das nossas cidades, foram o fato mais
importante da política brasileira no ano de 2013. Anuncia-se que em 2014
poderão se repetir, agora mais focados nos protestos com as despesas da Copa.
Este é um dos imponderáveis que ameaçam a candidatura – até aqui favorita – da
presidente Dilma. Desde os episódios de junho de 2013, é forçoso reconhecer que
se implantou no país uma política de ação direta, que se impôs ora confrontando
ora revogando na prática, a legislação vigente.
No que respeita a
manifestações e protestos tudo passou a ficar em questão: os limites da ação
policial, os direitos dos manifestantes, a proteção da propriedade, a paralisação
de serviços públicos afetando a vida de milhões de pessoas, o direito de ir e
vir, a impunidade consentida
Vastas áreas da vida
politica nacional estão entregues à anomia, isto é à ausência, ambiguidade ou
conflito de normas para reger o comportamento. Essa é uma situação que corrói o
convívio democrático, empurra a política para o “vale tudo”, e ameaça
gravemente a consolidação de uma democracia sólida, estável, legitimada e que
reage aos desafios à sua autenticidade pelo respeito e obediência às leis.
Qualquer sociedade
organizada estabelece seu peculiar equilíbrio entre liberdade e organização.
Sociologicamente o máximo de liberdade resulta em mínimo de organização; e o
mínimo de organização resulta em o máximo de liberdade.
O máximo de organização
significa controle total da liberdade individual. É a ditadura, o
autoritarismo, o totalitarismo e, no limite, assemelha-se ao tipo de sociedade
dos animais gregários, como as formigas e as abelhas.
Por outro lado, o máximo de
liberdade significa a rejeição de qualquer autoridade sobre a vontade
individual. É a anarquia, a ausência de ordem legítima, a instabilidade
politica e, no limite, a própria impossibilidade da vida social. Qualquer
sociedade evita, por todas as formas que consegue encontrar-se numa situação
que a coloca entre essas duas alternativas trágicas.
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