Controlada pelo PT, a Fundação Banco do Brasil
firmou convênios de R$ 36 milhões com entidades ligadas ao partido e familiares
de seus dirigentes. A lista de organizações não governamentais, associações e
prefeituras beneficiadas estão sob investigação da Polícia Civil do Distrito
Federal. O banco faz auditoria nos contratos e parcerias.
A posse na
fundação, em junho de 2010, foi prestigiada por quadros importantes da sigla,
entre eles cinco parlamentares e o então ministro da Secretária-Geral da
Presidência, Luiz Dulci. Streit sucedeu a Jacques Pena, filiado ao PT do DF,
cuja administração foi marcada por repasses a entidades ligadas aos seus
parentes, agora sob investigação. Com sede numa sala sem placa de identificação
em Brasília, que fica trancada em horário comercial, só a Associação de
Desenvolvimento Sustentável do Brasil (Adesbra) firmou parcerias de R$ 5,2
milhões desde 2003. O diretor executivo da entidade, Joy de Oliveira Penna, é
irmão de Jacques e tem ligações com outras entidades contempladas com recursos.
Os irmãos Pena são conhecidos por levar para a fundação a
República de Caratinga, sua cidade de origem. Com a Associação dos Produtores
Rurais e Agricultores Familiares de Santo Antônio do Manhuaçu, sediada no
município, a fundação firmou convênio de R$ 1,05 milhão. A associação é
comandada por dois primos de Jacques e Joy. "Tem razão de estar
desconfiando, porque é parente, né?", admite o ex-presidente, atual
tesoureiro da associação e primo da dupla, Sérgio Pena de Faria.
Segundo ele, o projeto desenvolvido na cidade, para aperfeiçoar
técnicas de produção agrícola, foi apresentado por outra entidade, mas a
fundação não a aceitou, pois a proponente tinha só dois anos de existência. Os
dirigentes, então, pediram que a associação a substituísse.
"Cedi os documentos, mandaram para lá, onde que foi
aprovado", conta Pena, negando favorecimento. "Essa associação não é
igual a gente ouve falar aí que é só para desviar dinheiro. Pode dormir 'sono
solto' que os documentos estão direitinho. Esse projeto foi o mais vigiado do
Brasil", assegura, acrescentando que os fiscais da fundação fiscalizaram a
execução e que houve prestação de contas.
Para Caratinga, a fundação mandou mais R$ 1,3 milhão para construir
o Centro de Excelência do Café na gestão do ex-prefeito João Bosco Pessine
(PT). A atual administração, do PTB, diz que teve de fazer obras adicionais
para completar o projeto. Pessine não foi localizado.
A investigação da Polícia Civil começou a partir de denúncia de
uma servidora da fundação, que está sob proteção policial e da área de
segurança do Banco do Brasil. O órgão explica que as apurações são da sua
alçada, e não da Polícia Federal, pois a fundação recebe recursos do banco, uma
empresa de economia mista.
A funcionária teria recebido ameaças após delatar suposto esquema
de desvio de recursos. Ela contou à polícia que a prestação de contas de
algumas entidades não era analisada adequadamente. Não está descartado o
afastamento do atual presidente da fundação, Jorge Alfredo Streit. A
expectativa no Banco do Brasil é de que as primeiras conclusões da auditoria
saiam neste fim de semana.
As denúncias sob investigação integram processo sob sigilo que
tramita no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. A fundação
explica que não teve acesso aos autos. Recentemente, atendendo à solicitação,
enviou informações ao Ministério Público do DF. As informações são do jornal O Estado de São Paulo
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