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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Quem estar com a verdade?



Ebastiana da Rocha, a beneficiária do Bolsa Família que teria dado dinheiro para a campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff, em 2010, disse quinta-feira (25) ao gestor do programa na sua cidade que nunca fez doação alguma. Em nota, o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) informou que ela foi procurada para confirmar se seu perfil se encaixava nas exigências do programa. "Ao realizar visita domiciliar à beneficiária mencionada na nota, a área social da prefeitura de Campo Verde (MT) confirmou que a família se encontra em situação de vulnerabilidade, com perfil de beneficiária do Bolsa Família. Questionada, a beneficiária declarou ao gestor municipal que nunca fez doação em dinheiro para campanha presidencial", diz o texto. Sebastiana, que teria recebido R$ 528 do Bolsa Família em 2010, teria doado R$ 510, ficando com apenas R$ 18. Com a negativa de que a beneficiária tenha feito qualquer doação, o MDS analisa que providência deve tomar. O caso pode ser encaminhado para o Ministério Público (MP). Como afirmou que nunca fez doação para nenhuma campanha política, a conclusão do governo é de que pode ter havido um erro quanto a suspeita de que tenha contribuído ou que seu CPF tenha sido usado de má-fé por alguém que não queria aparecer como doador. Há também a possibilidade de a Polícia Federal (PF) fazer a investigação para verificar se houve fraude. A Justiça Eleitoral informou que não tem como tomar nenhuma providência por enquanto, porque teria de ser provocada a partir de investigações da PF ou por representações do MP.
Fonte: Bahia Notícias



Só 0,39% de emendas são destinadas a parlamentares


Do total de 27 milhões empenhados, os petistas foram os maiores beneficiados, com 7,3 milhões de reais; oposição teve apenas 315.000

Mesmo que não cumpra a promessa feita na semana passada, de liberar 06 bilhões de reais em emendas parlamentares até o fim do ano, a presidente Dilma Rousseff ainda assim encerrará 2013 com o maior aporte de recursos empenhados para esta finalidade nos últimos 10 anos. Mas o ano de maior desgaste na relação entre a presidente e o Congresso foi também o período em que houve o menor porcentual de distribuição de recursos para emendas específicas, aquelas que são de autoria de deputados e senadores – e utilizadas por eles para capitalizar politicamente o envio de recursos para seus respectivos redutos eleitorais.

De acordo com dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAF), fornecidos pela Liderança do DEM na Câmara dos Deputados, de janeiro a 27 de julho deste ano Dilma empenhou 6,8 bilhões de reais em emendas. Deste valor, apenas 0,39% (27 milhões) foram destinados às emendas de autoria dos parlamentares. Para efeito de comparação, em 2012 o porcentual foi de 15% e, em 2011, 21%.
Os 27 milhões de reais destinados neste ano às emendas de autoria de parlamentares foram distribuídos, quase em sua totalidade (98,8%), para membros de partidos da base aliada. Parlamentares do PT, partido da presidente, foram os maiores beneficiados, com 7,3 milhões de reais. Aos congressistas dos partidos oposicionistas DEM e PSDB foram destinados pouco mais de 315.000 reais, ou 1,15% do que foi empenhado para deputados e senadores.

As emendas parlamentares são instrumentos constitucionais que permitem ao Congresso a participação na execução orçamentária por meio de "indicações" para destinação de recursos. Elas podem ser feitas de forma individual, por bancada estadual, quando grupos de parlamentares do mesmo estado apresentam indicações conjuntas para suas respectivas regiões; ou por meio de comissões temáticas, onde os projetos são por temas. Estas últimas foram o destino da maior parte das emendas parlamentares empenhadas este ano: 2,44 bilhões de reais para a relatoria das subcomissões de Saúde e 992 milhões para a de Trabalho, Previdência e Assistência Social.
 A liberação e a destinação das emendas, no entanto, são decididas pelo Executivo. O Congresso prepara mudanças nessa regra com votação do Orçamento Impositivo, proposta de emenda à Constituição que torna obrigatória ao Executivo a execução orçamentária aprovada pelo Legislativo. Ou seja, impede o contingenciamento das emendas parlamentares, como aconteceu este ano.
A votação do Orçamento Impositivo é uma promessa de campanha do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que pretende colocar em pauta na primeira quinzena de agosto. O partido de Alves, um dos maiores causadores do estremecimento na relação entre o Executivo e o Legislativo, teve 1,99 milhões de reais em emendas empenhadas este ano – 7% do que foi destinado aos parlamentares.
O professor do Departamento de Ciências Políticas da Unicamp, Valeriano Costa, ressalta que a insatisfação do Congresso com o governo não é só em função da liberação das emendas. "São também as emendas, mas é um conjunto de coisas, como a falta de uma agenda conjunta. Elas [as emendas] são só o tempero", disse.
Ainda assim, e apesar de parlamentares aliados e de oposição afirmarem na semana passada, ante ao anúncio de liberação dos 6 bilhões de reais, que a medida não iria arrefecer os ânimos do Congresso, Costa acredita que a liberação dos recursos pode diminuir a tensão entre os poderes. "As emendas individuais são a principal arma que o legislador tem para prestar contas a seus eleitores. É com este argumento que eles vão para as suas bases anunciar a liberação de recursos. Para o governo pode não significar muito, mas para o deputado pode ser a diferença entre se reeleger ou não".
Segundo ele, se liberar os recursos prometidos, Dilma vai ter que encontrar outros caminhos para continuar a fazer o ajuste fiscal de 38 bilhões de reais anunciado pela presidente para este ano. "Os 6 bilhões dos parlamentares não é muita coisa em relação ao Orçamento total, mas numa situação de dificuldade de se encontrar de onde tirar, faz diferença", disse. "É um jogo de cobertor curto."
Fonte: Poder & Política

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