A escolha do consórcio formado pelas empresas brasileiras Enescil e Maia
Melo e pela dinamarquesa Cowi, selecionado com uma proposta de R$ 22,5 milhões
para elaborar o projeto básico de engenharia para a construção da ponte
Salvador-Itaparica, obra com custo previsto de R$ 7 bilhões, já gera polêmica.
Para a arquiteta e urbanista e professora da Faculdade de Arquitetura da
Universidade Federal da Bahia (UFBA), Ângela Gordilho, antes de decidir por um
projeto desse tipo, de tal complexidade e tamanhos custos, alternativas viárias
pela região do Recôncavo deveriam ser estudadas pelo governo do Estado. Uma delas,
segundo a especialista, seria o sistema férreo. "Esse sistema é utilizado
por várias cidades do mundo contemporâneo e, provavelmente, seria muito mais
barato, considerando que o país já tem bases de estruturas férreas definidas”,
afirmou em entrevista ao jornal A Tarde. Outro ponto que deve ser observado, de
acordo com a urbanista, é a prioridade de investimento. "Uma pesquisa
acadêmica feita em 2008 mostrou que era preciso um valor estimado de R$ 2,5
bilhões para desenvolver o plano habitacional de Salvador. Precisamos saber o
que é mais importante: resolver o déficit de moradias de toda a cidade ou
construir uma ponte, que atenderá um grupo pequeno de pessoas?",
questionou. Para o pesquisador Paulo Ormindo, que tem se revelado um ferrenho
crítico do projeto, os impactos também devem ser levados em conta. "A
construção da ponte e da Linha Viva (BA-001) vão provocar problemas no tráfego
marítimo, engarrafamentos na ilha e em Salvador, além de destruir matas
primárias e provocar a remoção de famílias", apontou. O pesquisador ainda
salienta que, em termos culturais, a obra vai marginalizar ainda mais o
Recôncavo tradicional, com cidades históricas, festas populares e artesanato.
"O ideal seria construir um arco rodo ferroviário para integrar salvador aos
demais municípios, ao Centro Industrial de Aratu e ao Complexo Petroquímico de
Camaçari", sugeriu. Já o secretário estadual do Planejamento, José Sérgio
Gabrielli, a obra de construção da ponte que pretende ligar a capital à ilha e
ao Recôncavo baiano trará benefícios significativos à população, pois, segundo
o chefe da pasta, reduzirá em até 200 km o percurso que os veículos fazem na
direção sul-norte e tornará a economia da região mais dinâmica.
Fonte: Política Livre
Governo baiano tenta disfarçar aliança feita com o ex-prefeito João
Henrique
A aliança entre o ex-prefeito João Henrique, em vias de filiar-se
ao PSL, e o governador Jaques Wagner (PT) com vistas a 2014, celebrada com a
nomeação do filho do primeiro casamento para o gabinete do chefe da Casa Civil
do governo, Rui Costa, repercutiu tão mal, tão mal nas redes sociais, que levou
o governo estadual a uma tentativa mambembe de disfarçá-la com duas versões.
Uma verdadeira bobagem!
A primeira versão é que o jovem tem um currículo invejável que o
capacita tecnicamente para a função, como se técnica ela fosse. A segunda é que
o pai não teve nada a ver com a indicação. Luiz Henrique Carneiro, na versão do
governo, teria sido nomeado exclusivamente em atenção à mãe, a deputada
estadual Maria Luíza, e ao partido, dela, o PSD. Como se Maria Luíza, que se
separou de João Henrique no ano passado, depois de eleger-se sucessiva e
exclusivamente por intermédio dele, fosse um estrondoso fenômeno eleitoral
autônomo.
Francamente! Além disso, o PSD é comandado na Bahia, pelo
vice-governador Otto Alencar, que é também secretário estadual de Infra estrutura,
e está com os dois pés no governo, o que significa, obviamente, que o partido
dispensa mimos tais. E se era mesmo para atender à mãe e ao partido de Otto,
por que então o filho do ex- primeiro casal municipal não foi parar num dos
vários órgãos comandados pelo PSD na administração estadual, sendo indicado
justo para o gabinete do candidato de Jaques Wagner a governador? Precedentes
existem vários.
Por um motivo mais do que simples: Quem pediu a função pública para o
filho foi João Henrique, interessado em vê-lo, mais dia, menos dia, se
interessar e ingressar na política. E só o ex-prefeito sabe como a decisão do
governo de promover a nomeação o contentou. Também por uma razão mais do que
simples: contou uma fonte do Palácio Thomé de Souza nessa terça-feira (7/8), que,
antes de indicá-lo ao governo, João Henrique tentou emplacar o filho no
gabinete do hoje ex-aliado ACM Neto (DEM), prefeito de Salvador. E fez o mesmo
com a atual mulher, Tatiana Paraíso. Segundo a mesma fonte, o ex-prefeito
gostaria de vê-la dirigindo o IPS (Instituto de Previdência de Salvador).
Apesar de reconhecer que Tatiana possui currículo para o posto e que Luís
Henrique poderia cumprir um ótimo estágio político em seu gabinete, o prefeito
teria denegado os pedidos. Argumentara que a indicação de um e do outro não
ficaria nada bem para o início de seu governo.
Mas teria chegado a acenar com a possibilidade de contemplar, na
administração municipal, outros colaboradores de João Henrique que conheceu na
campanha e pelos quais se afeiçoou e que não guardariam com ele laços de
família. João Henrique não teria topado. Viu a resposta, assim como a
publicação seguida na imprensa de informações sobre uma suposta herança maldita
que teria legado a ACM Neto, como uma declaração de guerra. Portanto, a
nomeação do filho para o gabinete do futuro candidato do PT a governador seria
também uma excelente resposta à “indiferença” do prefeito que ajudou a eleger.
Por este motivo, João Henrique deve, na medida do possível, tentar
ajudar ao novo amigo Rui Costa e de fenestrar ACM Neto no programa de rádio que
está prestes a estrear na emissora do deputado federal Marcos Medrado, do PDT,
outro partido da base do governo estadual, o que deixa aliados do prefeito
preocupados. No íntimo, circula que o governo Jaques Wagner estaria
satisfeitíssimo com a nova aliança.
Fonte: Política Livre
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