Governadores
de diversos estados decidiram que vão manter fechados salões de beleza,
barbearias e academias de ginástica, mesmo com o decreto presidencial que
inclui esses serviços na lista de atividades essenciais durante a pandemia da
covid-19. O texto foi publicado ontem (11) em
edição extra do Diário Oficial da União.
Como justificativa, os
governadores defendem o isolamento social para evitar o avanço do novo
coronavírus e lembram decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, na
semana passada, definiu que cabe aos governos estaduais e municipais estabelecer
medidas restritivas de locomoção e coordenação das atividades dentro de
suas fronteiras, sem o aval do governo federal.
O presidente Jair Bolsonaro
vem se manifestando há várias semanas pela reabertura dos comércios
e, diante da decisão do STF, ampliou os serviços essenciais. Já foram
incluídos, além de supermercados, farmácias e infraestrutura, outros segmentos,
como construção civil e, agora, salões, barbearias e academias. Em sua conta no
Twitter, Bolsonaro justificou a medida afirmando que a intenção é “atender
milhões de profissionais, a maioria humildes, que desejam voltar ao trabalho e
levar saúde e renda à população”.
“Academia,
educação física, o esporte é saúde. Uma pessoa se tornando sedentária ela fica
mais propensa a adquirir doença, ela fica mais irritada, uma série de coisas
acontece com o organismo daquela pessoa. Por isso nós classificamos como
essencial as academias”, disse o presidente na porta do Palácio do Alvorada no
início da noite de hoje.
No Nordeste:
Por
meio do Twitter, o governador do Piauí, Wellington Dias, declarou que o estado
não abrirá esse dois tipos de estabelecimentos comerciais. “Vamos continuar
seguindo as medidas adotadas até o momento, baseadas na ciência, mantendo o
isolamento social, que é a melhor alternativa para o que estamos vivendo
agora”.
O governador de Alagoas,
Renan Filho, também anunciou por meio de sua conta no Twitter que manterá
salões e academias fechados no estado até o dia 20
de maio. “O Decreto 69.722 mantém fechados segmentos da economia
cujo funcionamento gera aglomeração e proximidade entre as pessoas. Essa é uma
forma de diminuir o avanço do contágio da covid-19 em Alagoas”, publicou.
Camilo Santana, governador
do Ceará, também usou o Twitter e seguiu a mesma linha. “Informo que, apesar de
o presidente baixar decreto considerando salões de beleza, barbearias e
academias de ginástica como serviços essenciais, esse ato em NADA ALTERA o
atual decreto estadual em vigor no Ceará, e devem permanecer fechados.
Entendimento do Supremo Tribunal Federal” postou.
Também no Twitter,
o governador da Bahia, Rui Costa, afirmou que não vai acatar o previsto no
decreto presidencial. “As nossas medidas restritivas serão mantidas respeitando
critérios científicos reconhecidos mundialmente. A #Bahia vai ignorar as novas
diretrizes do Governo Federal. Manteremos nosso padrão de trabalho e
responsabilidade. O objetivo é salvar vidas. Não iremos nos afastar disso”,
pontuou.
O governador de Pernambuco,
Paulo Câmara, decretou quarentena em cinco municípios da região metropolitana
de Recife a partir de sábado. “Precisamos
aumentar o isolamento social para evitar o crescimento acelerado da doença.
Estudos apontam que o isolamento social salvou quase 3,5 mil vidas”, afirmou em
vídeo publicado pelo governo em redes sociais. Os serviços essenciais continuam
funcionando de acordo com o decreto anterior, que prevê estabelecimentos como
supermercados, farmácias e padarias.
O
governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), questionou se o presidente
tornaria “andar de jet ski” uma atividade
essencial, em referência ao passeio de Bolsonaro no fim de semana em Brasília.
Diante das críticas do presidente aos governadores que rejeitaram abrir salões
e academias, Dino afirmou novamente em sua conta no Twitter que a decisão visa
a “atropelar a forma federativa de Estado garantido pela
Constituição”.
No Rio Grande do Norte, o
decreto de isolamento válido até o dia 20 de maio já havia
previsto a liberação de salões e barbearias, mas proíbe as academias de
ginástica. Á assessoria do governo do estado afirmou que esse arranho será
mantido.
Até a publicação do texto,
os governos da Paraíba e de Sergipe não informaram sobre o posicionamento a ser
adotado em seus estados.
Agencia Brasil