O
presidente Jair Bolsonaro mostrou a jornalistas, na tarde
desta terça-feira (5), o trecho de uma troca de mensagens dele com o
ex-ministro Sergio Moro, por aplicativo de celular, para comprovar que ele não
estava tentando interferir na Polícia Federal (PF). Ele também disse que
o ex-ministro divulgou informações reservadas do governo para a imprensa.
Moro deixou o cargo de
ministro da Justiça sob a justificativa de que o presidente estaria
tentando interferir na PF com objetivos políticos.
"O Sergio Moro foi
correndo entregar o telefone para a Globo. Inclusive, ele tinha peças de
relatórios pessoais de coisas que eu passava para ele. Entregar para a Globo
isso? Isso é um crime federal, talvez em curso na Lei de Segurança
Nacional", afirmou o presidente na entrada do Palácio da Alvorada,
residência oficial. O presidente se referia a uma troca de mensagens
revelada pelo ex-ministro ao Jornal Nacional, da TV
Globo, no último dia 24 de abril. De acordo com a reportagem da emissora,
o presidente teria enviado uma matéria do site O Antagonista para o ex-ministro
para justificar o pedido de troca de comando da Polícia Federal. A
matéria do site falava sobre a investigação, em inquérito no Supremo Tribunal
Federal (STF), de "10 a 12" parlamentares aliados do governo.
"Isso [a
reportagem] realmente eu passei pra ele", disse o presidente. Em
seguida, ele mostrou parte da troca de mensagem entre os dois na qual Sergio
Moro classifica como "fofoca" a notícia sobre a investigação de
parlamentares aliados do presidente. "É sinal que ele teve acesso ao
processo, e diz que é fofoca", acrescentou o presidente.
Bolsonaro também disse que o
ex-ministro vazava informações que
poderiam ter caráter confidencial. "Eu confiava nele, tanto
é que passava passava extrato de informações com chefes de Estado e com
inteligência de fora do Brasil".
Na
declaração a jornalistas, na porta do Alvorada, o presidente também comentou
sobre o depoimento de Sergio Moro à Polícia Federal, no último sábado (2), em
que o ex-ministro teria entregado documentos para tentar comprovar a tentativa
de interferência do presidente na PF. O depoimento de Moro segue sob sigilo no
âmbito inquérito aberto pelo STF, mas Bolsonaro disse que poderia se reunir com
o advogado, ainda hoje, para debater sobre as acusações
formalizadas.
"Vou
ler com atenção o processo, talvez esteja o meu advogado hoje a noite
aqui, para poder responder as demais acusações. Se bem, pelo que parece, em
nenhum momento ele fala que eu cometi crime. E sim, o MP [Ministério Público],
o ministro do Supremo, que é o dono do inquérito, deve me investigar, ouvir
ministros e outras pessoas para dizer se talvez eu cometido um crime",
afirmou Bolsonaro.
O
presidente voltou a afirmar que não tentou interferir na PF. Segundo ele, na
última reunião de ministros com a participação de Sergio Moro, no dia 23
de abril, ele cobrou relatórios de inteligência de todas as forças de segurança
do governo, não apenas da PF.
"Eu
cobrei do serviço de inteligência da Aeronáutica, da Marinha, do Exército, da
Abin [Agência Brasileira de Inteligência]...cobrei da Polícia Federal,
relatórios de inteligência. Eu cobrei de público, tinha uns 20 ministros
presentes, mais presidentes de bancos. Cobrei relatórios de inteligência, para
que eu quero relatório de inquérito? Minha vida esta aí à disposição de vocês.
Não tem acusação de corrupção [contra mim]".
Edição: Narjara Carvalho/Agencia Brasil