A deputada
estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) criticou a criação, pelo presidente da
República, Jair Bolsonaro, do Aliança pelo Brasil. Para ela, a iniciativa
"é trair a própria história", já que ele "nunca se ligou em
partido". "Não achei inteligente abrir outro partido nesse momento e
dividir sua base", afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo. Questionada
sobre a investigação envolvendo o filho do presidente da República, o senador
Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), em prática de "rachadinha" quando
era deputado estadual no Rio, ela disse que, "ao que tudo indica", o
filho "01" do presidente "cometeu peculato".
Como a sra. avalia a investigação
envolvendo o senador Flávio Bolsonaro?
A
gente aprende e ensina no Direito Penal que a responsabilidade penal é
individual. Ao que tudo indica, infelizmente, o Flávio cometeu peculato e
utilizou funcionários para desviar dinheiro público. Tecnicamente falando, não
vejo a lavagem (de dinheiro), mas o peculato vejo. E ele tem que responder. O
meu desejo é que o Ministério Público Federal faça com os outros naquela lista
da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) o que está fazendo com o
Flávio. Já ouvi gente dizendo que, se não faz com os outros não pode fazer com
ele, mas meu desejo é o contrário. As pessoas precisam aprender que o dinheiro
público deve ser respeitado.
Há, ainda, acusação de
candidaturas laranjas no PSL...
Com
relação à eleição, o que posso falar é meu depoimento. Na época, o
(ex-)presidente (do PSL, Gustavo) Bebianno veio e ofereceu para mim e para a
Joice (Hasselmann, deputada federal) R$ 100 mil do fundo eleitoral. Por decisão
pessoal, não quis dinheiro de ninguém e gastei só o meu. Em nenhum momento,
houve comentário do tipo "recebe e depois devolve". Isso vai na
contramão da acusação das laranjas. Não acho que foi uma ordem de cima, acho
que foi algo pontual.
Em que momento a sra. achou que
era hora de buscar uma candidatura avulsa?
É uma convicção que tenho desde sempre. Muito antes de
entrar na política, já entendia que candidaturas avulsas eram um direito
individual. Quando você tem a obrigatoriedade de um partido, restringe sua
liberdade de se voluntariar a um cargo. É uma convicção jurídica, porque o
Pacto de San José da Costa Rica garante isso. Ao entrar na política, me tornei
ainda mais convicta dessa necessidade. A força que os donos dos partidos têm é
negativo para a própria população.
A sra. já disse que o presidente
Jair Bolsonaro também é sem partido, de candidatura avulsa. Acredita que fundar
um novo partido pode prejudicar o desempenho dele na Planalto?
Eu não achei inteligente abrir outro partido nesse
momento e dividir sua base. Mas também disse que, se o presidente saísse do
PSL, com a base e a ideia de governar para todos, eu o apoiaria. Ele nunca se
ligou em partido, então acho que abrir esse Aliança (pelo Brasil) é trair a
própria história. Abrir esse partido é uma mentalidade atrasada e acho que ele
vai direcionar energia para algo absolutamente secundário. Dizer que atrapalha
é exagero. Mas o que o País ganha com o presidente gastando energia agora? Eu
acho que ele foi mal orientado (risos).
Onde se vê em 2022? Pensa em se
candidatar novamente?
Não sei se me candidato novamente, só chegando lá. Tenho
um lado místico, vou esperar um sinal. Não sei se um sonho ou algo assim. Não
faço esse tipo de plano. Sempre fui apaixonada pelo País, independentemente de
cargo. Seja como deputada ou nada, vou continuar lutando, é mais forte que eu.
A sra. defende o fim do fundo
eleitoral e partidário com dinheiro público.
Eu acho que precisa vetar (o fundo eleitoral). Não
precisa de tanto dinheiro para fazer campanha, aquilo é tudo superfaturado.
Chega. Tem menos dinheiro, todo mundo economiza; tem muito dinheiro, o pessoal
acha que pode gastar.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.