Com
as recentes quedas nos preços de alimentos, economistas já preveem que o
conjunto de preços de alimentação no domicílio, que representa pouco mais de
16% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), termine 2017 no nível
mais baixo desde o Plano Real. A oferta abundante por causa da safra inédita de
grãos é a principal explicação.
Depois
de fechar com altas de 10,38% em 2015 e de 9,4% em 2016, o segmento de
alimentação no domicílio deve terminar o ano negativo, podendo ficar entre -3%
e -4%, segundo analistas. A última vez que houve deflação nessa categoria foi
em 2006, de -0,13%, o resultado mais baixo da série do IBGE, iniciada em 1994.
Esse
cenário contraria a estimativa mais otimista do início do ano, de alta de 2%. O
câmbio comportado também vem permitindo cenário mais favorável para os preços
de alimentos e, em magnitude menor, a recessão e até a crise deflagrada pela
JBS.
Para
alguns, esse resultado pode fazer o IPCA fechar o ano abaixo de 3%, a banda
inferior da meta de inflação (4,5%, com tolerância de 1,5 ponto para cima ou
para baixo). Essa marca seria a menor desde 1998 (1,65%). A forte deflação
esperada para a categoria de alimentos em casa, que recuou 5,19% em 12 meses
até agosto, deve influenciar outros preços. O feijão carioca caiu 28% de
janeiro a agosto. O arroz, que subiu 16,16% em 2016, já recuou 8,58% neste ano.
O
economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otavio Souza Leal, vê bastante
chance de a inflação terminar abaixo de 3% em 2017, embora sua projeção atual
seja de 3,10%. Ele estima uma deflação de 3,7% em alimentação no domicílio,
número que não tinha em suas planilhas no começo do ano.
Para
o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, a "inércia
boa" trazida pela forte deflação de alimentos no IPCA acumulado em 12
meses deve perdurar nos outros preços da economia, puxando a inflação toda para
baixo.
O
próprio Banco Central (BC), afirmou, na ata do Comitê de Política Monetária
(Copom) deste mês, que "essa queda intensa dos preços de alimentos
constitui uma substancial surpresa desinflacionária". Segundo a ata, o
recuo do grupo responde por parcela relevante da diferença entre as projeções
de inflação para 2017 e a meta de 4,5%. Em 12 meses até agosto, o IPCA acumula
2,46%.
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