Dezoito setores industriais
reportaram ao IBGE que aumentaram sua produção em junho, em relação a maio, o
que confirmou o otimismo de analistas de que a economia está caminhando rumo à
saída do pior momento da crise. Esses setores representam três quartos das
atividades industriais monitoradas pelo IBGE. O nível de respostas positivas na
indústria não alcançava patamar semelhante há quase dois anos (desde julho de
2014).
Com isso, a produção aumentou
1,1% em junho ante maio. É o quarto resultado positivo consecutivo do setor
neste ano, que apesar da melhora, ainda está muito abaixo do nível de produção
que chegou a alcançar há pouco tempo atrás. Segundo André Macedo, gerente da
coordenação da indústria do IBGE, o nível de atividade nas fábricas em junho
estava 18,4% abaixo do pico de produção, registrado pela estatística oficial em
julho de 2013.
"Trata-se de uma
melhora sobre uma base fraca, que não reverte perdas passadas", diz
Macedo.
Rodrigo Miyamoto, economista
do Itaú Unibanco, afirma que a demanda externa (exportações) por bens
industriais ganhou reforço, no último mês, pela demanda interna. "De uma
forma geral, os estoques estão caindo há nove meses", diz. "Chega um
momento que é preciso voltar a produzir, seja para igualar os estoques, seja
para entregar produtos."
O economista afirma que o
espraiamento da produção por mais setores é um sinal de que a produção
aumentará nos próximos meses. A previsão também se baseia em sondagens com empresários
da indústria, que apontam mais confiança na economia e maior utilização da
capacidade. Entre os setores que aumentaram a produção, o destaque foi o
automotivo (alta de 8,4% ante maio).
Dados de emplacamento de
veículos de julho, também divulgados nesta terça (2), mostram que as vendas
aumentaram 5,9% ante junho. O resultado positivo da indústria confirma
projeções de que, ainda neste ano, a economia poderá sair da recessão. O BofA
Merrill Lynch, vê dados "ligeiramente positivos" no quarto trimestre,
segundo o economista-chefe para Brasil, David Beker. O Itaú prevê PIB negativo
no segundo e terceiro trimestres, mas não descarta uma "surpresa
positiva" no fim do ano. O Bradesco vê dados positivos no terceiro
trimestre.
O resultado do ano, porém,
ainda será negativo, ao redor de 3,2%, segundo analistas consultados pela pesquisa
semanal do Banco Central. Myiamoto pondera que, embora a indústria mostre dados
melhores, o PIB depende do desempenho dos serviços, que respondem por cerca de
60% da economia.
"O desemprego e a massa
salarial em queda impactam o consumo e os serviços."
Ascom Força Sindical