Em março deste ano,
especialistas de vários cantos do país foram selecionados pelo TSE para virem a
Brasília virar de cabo a rabo as maquininhas coletoras de voto. Quatro vulnerabilidades
foram apontadas pelos técnicos: três comprometem o sigilo do voto e uma
possibilita a adulteração do resultado. O assunto é destaque da nova edição da
revista Congresso em Foco.
Uma das vulnerabilidades
identificadas pelos especialistas em março está no sistema de áudio utilizado
por deficientes visuais na hora da votação. A descoberta foi feita pelo grupo
coordenado pelo professor Luís Fernando de Almeida, diretor do Departamento de
Informática da Universidade de Taubaté (Unitau).
A liberação do recurso de
áudio na urna é feita pelo presidente da seção, que pode “ouvir” os votos não
apenas dos eleitores com deficiência visual, mas de todos os demais votantes
daquela seção. Presidente do TSE nos últimos dois anos, Dias Tóffoli admite que
o sistema de voto eletrônico tem suas falhas, mas ressalta que a área de
tecnologia do tribunal contornará os problemas “facilmente”, muito antes das
eleições.
Testes públicos - Utilizada
pela primeira vez em 1996, a urna eletrônica só foi submetida a testes públicos
13 anos depois, em 2009. Na ocasião, o perito em informática Sérgio Freitas
conseguiu violá-la utilizando um modesto radinho AM/FM. Aplicando uma técnica
chamada “ataque tempest”, ele foi capaz de quebrar o sigilo dos votos ao
detectar o som que as teclas da urna emitiam.
Apenas cinco minutos, em
2012, foram suficientes para que a tão defendida “inviolabilidade da urna” pelo
TSE fosse duramente contestada. Uma falha grotesca na segurança do sistema de
votação foi encontrada pela equipe liderada pelo professor e doutor em Ciência
da Computação Diego Aranha, da Universidade de Campinas (Unicamp), que a
classificou como “infantil”.
O código que faz o
embaralhamento dos votos, recurso que serve para impedir a identificação dos
eleitores a partir de seus votos, foi facilmente encontrado pelo grupo. provar
o feito, o professor da Unicamp, ao simular uma votação, descobriu a ordem
cronológica de 474 dos 475 votos depositados na urna para um dos dois cargos
cadastrados (vereador e prefeito), uma taxa de acerto de 99,9%.