Todavia, combater a agressão infantil não é nada fácil,
considerando que muitas vezes a criança ou o jovem não tem coragem de contar
que está sendo violentada por razões associadas ao medo, à vergonha ou à
dúvida. Sendo assim, reforça-se a importância dos adultos estarem atentos e
vigilantes a quaisquer sinais de mudança de comportamento, tristeza ou
abatimento. Em média, 18 mil crianças são vítimas de violência doméstica por
dia no Brasil. Os dados, apresentados pela Sociedade Internacional de Prevenção
ao Abuso e Negligência na Infância (Sipani), representam 12% das 55,6 milhões
de crianças menores de 14 anos. Frente a esta realidade, não há o que
comemorar.
O perigo está mais próximo do que se imagina. Dados do Fundo
das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) mostram que 80% das agressões
físicas contra crianças e adolescentes foram causadas por parentes próximos.
Ainda de acordo com o UNICEF, de hora em hora morre uma criança queimada,
torturada ou espancada pelos próprios pais. Segundo especialistas, cerca de 70%
das denúncias de agressão física contra crianças foram praticadas pela própria
mãe, enquanto que o abuso sexual normalmente é praticado pelo pai ou padrasto.
Os tipos de agressão infantil são diversos. Os mais comuns
são a violência física, a psicológica e a sexual. Definitivamente bater não é a
melhor solução. O diálogo com a criança ainda é considerado o mais
eficaz. Explicar para a criança as consequências de seus atos e como você se
sente decepcionado com isso, do que bater nela, além de melhorar o
relacionamento com a criança, esse tipo de atitude acaba evitando que ela se
torne um agressor no futuro. Entre as causas da violência infantil está o
trauma de quem foi agredido quando criança. Pais que quando crianças foram
vítimas de violência doméstica tendem a repetir as agressões em seus filhos.
De acordo com o Centro de Combate à Violência Infantil
(Cecovi), outras causas para a agressão são: ver a criança e o adolescente como
um objeto de sua propriedade; a projeção de cansaço e problemas pessoais nos
filhos; fanatismo religioso; e problemas psicológicos e psiquiátricos. É
importante lembrar que a violência infantil está ligada também ao alcoolismo e
à falta de limites do agressor, que se não for advertido, vai continuar agindo.
Quem suspeita de que uma criança esteja sofrendo agressão de qualquer forma
deve encaminhar a denúncia para o Conselho Tutelar de sua cidade o mais rápido
possível.
Se ficar provado que a criança é vítima de maus tratos, o
agressor será punido e a guarda da criança passará a ser do parente mais
próximo. No caso de maus tratos, a pena varia de dois meses a um ano.
Se a agressão resultar em lesão corporal de natureza grave, o
agressor pode pegar de 1 a 4 anos. Já no caso de morte, o agressor pode ser
condenado de 4 a 12 anos.
Para saber qual o telefone do Conselho Tutelar mais perto de
sua casa, ligue para o número 100 (ligação gratuita).