Dependentes
de aglomerações, as atividades ligadas ao lazer são as mais afetadas pela
pandemia provocada pelo novo coronavírus. A constatação é de um levantamento
feito pela startup [empresa emergente] de logística Cobli, que analisou a movimentação
de veículos de pequenas e de médias empresas de todo o país. O
estudo considera o total de quilômetros rodados pelas frotas das empresas entre
23 de março – quando as medidas de restrição social entraram em vigor na maior
parte dos estados e no Distrito Federal – e 19 de abril. A distância percorrida
somou 13,88 milhões de quilômetros, queda de 25% em relação à semana anterior.
A
comparação por setores, no entanto, mostra que alguns segmentos são bem mais
afetados que outros. A área de arte, cultura, esporte e recreação teve o maior
impacto, com queda de 77% na movimentação dos empregados. Em segundo
lugar, está o segmento de alojamento e de alimentação, com recuo de 41%,
reflexo da queda nas hospedagens em hotéis e do fechamento de restaurantes e
bares.
O
setor de atividades administrativas e de serviços complementares vem em
terceiro lugar, com retração de 40%. Esse dado está relacionado ao fechamento
de escritórios e a possibilidade do trabalho remoto na maioria das empresas do
tipo. Em quarto lugar, com redução de 39%, está a educação. Segundo a startup
responsável pelo levantamento, a digitalização das atividades é o caminho para
alguns setores, permitindo a redução de custos no longo prazo.
No
caso da arte e da cultura, o diretor-executivo da Cobli, Rodrigo Mourad,
acredita que a tecnologia pode ser uma aliada para ampliar o público dos
espetáculos, à medida em que eles são transmitidos para mais pessoas. O impacto da pandemia sobre setores essenciais varia
conforme a atividade. Os setores de saúde humana e serviços sociais e de água e
esgoto tiveram queda de 10% na movimentação das equipes. Segundo Mourad, existe
a preocupação de que a falta de manutenção em equipamentos ou instalações
ligadas a essas atividades eleve os custos no médio prazo e dificultem o
retorno ao equilíbrio.
Os
setores menos atingidos pela pandemia foram informação e comunicação, com queda
de 6% na movimentação das equipes; administração pública, defesa e seguridade
social (-4%) e atividades imobiliárias (-1%). O segmento de agricultura,
pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura foi o único a registrar
aumento, com a movimentação de veículos das empresas subindo 3%. A startup
dividiu cada setor por subcategorias. A desagregação dos dados revelou que
alguns segmentos de setores bastante afetados registraram quedas menores ou até
aumento na atividade. Na área da saúde, a assistência a idosos e pessoas com
deficiência teve aumento de 32% na atividade. Em contrapartida, o atendimento
hospitalar acusou queda de 14%. Mesmo com o aumento no fluxo de pacientes com a
covid-19, outros setores das unidades de atendimentos podem estar atendendo
menos.
Os
subsetores mais atingidos pela pandemia foram o aluguel de equipamentos
recreativos e esportivos e as agências de viagens, cuja movimentação de frotas
caiu 86%, e a fabricação de móveis de madeira, com retração de 70%. Apesar
de a doença estar se alastrando, o comércio varejista de produtos farmacêuticos
para uso humano e veterinário vem em terceiro lugar, com recuo de 55%. Uma
explicação pode ser o estoque de medicamentos que parte da população fez antes
de a pandemia agravar-se.
Em
contrapartida, a demanda por alimentos apresentou leve redução. As empresas
ligadas à produção de carne tiveram redução de 7%. Os supermercados,
hipermercados e as demais empresas de comércio varejista de alimentos tiveram
queda de 5%. Na outra ponta, serviços ligados ao entretenimento doméstico
aumentaram. O comércio varejista de livros, jornais, revistas e de papelarias
subiu 6%. As atividades ligadas aos correios (em todas as etapas da logística)
saltaram 7%. Em relação aos estados, o levantamento revela que Tocantins
liderou a retração, com queda de 60% na circulação de frotas. Em segundo lugar,
Mato Grosso do Sul, com redução de 54%, seguido pela Bahia (-40%) e pelo Ceará
e pelo Distrito Federal, empatados com diminuição de 33%. Quatro estados, no
entanto, tiveram aumento na movimentação de veículos de empresas durante a
pandemia: Rondônia (+2%), Rio Grande do Norte (+5%), Piauí (+15%) e Pará
(+18%).
Para
o diretor-executivo da Cobli, os efeitos da crise em cada estado dependem da
matriz industrial. Estados agrícolas e exportadores sentiram impacto menor que
as regiões mais dependentes de serviços. No caso do Pará, a alta pode estar
relacionada à indústria de base, puxada pela mineração.
Economia & Negócios
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