O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a decisão do ministro
Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de barrar a nomeação
feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de Alexandre Ramagem para a
chefia da Polícia Federal.
Na
opinião de Lula, a atitude do ministro só se justificaria caso ficasse provado
que Ramagem cometeu algum ilícito que o impedisse de ocupar o cargo. O
ex-presidente afirmou em entrevista ao UOL que as indicações cabem ao
presidente da República.
"Não pode um único juiz da Suprema Corte tomar
atitude de evitar. Não podemos permitir que as instituições ajam politicamente.
[...] Que a pessoa prove que o delegado tem um ilicito, aí sim ele está correto
[em barrá-lo]", disse.
A
decisão de Moraes se baseia, principalmente, nas afirmações de Bolsonaro de que
pretendia usar a PF, um órgão de investigação, como produtor de informações
para suas tomadas de decisão.
A decisão de Bolsonaro em trocar a chefia da Polícia
Federal provocou a saída do então ministro da Justiça Sergio Moro. O ex-juiz
não concordava com a nomeação de Ramagem, amigo dos filhos de Bolsonaro, que,
por sua vez, são alvos de investigações da PF. Moro deixou o governo acusando o
presidente de tentar interferir politicamente nas investigações da PF.
Lula
afirmou que "a troca do delegado não pode ser nenhum absurdo".
"O presidente da República tem mais autoridade para indicar o delegado do
que o ministro, afinal de contas foi o presidente da República que foi eleito.
O que é importante é tratar a instituição de forma republicana, ou seja, não é
um instrumento do presidente da República."
"Eu não sei qual o crime que o delegado [Ramagem]
cometeu. Se ele cometeu algum desvio, obviamente que não poderia mesmo assumir.
Mas é preciso que a gente seja preciso, porque um dia você pode ser presidente
e você pode querer indicar uma pessoa que você conheça para um cargo e alguém
vai dizer que não pode indicar", afirmou Lula ao entrevistador, Leonardo
Sakamoto.
Bastidores do Poder
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