Três anos após uma forte ofensiva no mercado brasileiro, quando
compraram a CPFL, maior companhia privada do setor elétrico, os empresários
chineses estão de volta. Desta vez, o interesse está voltado, principalmente,
para empresas de tratamento de água e esgoto e grandes projetos na área de
infraestrutura, como construção e operação de estradas e ferrovias.
Na sua última expedição pelo País, em 2017, eles investiram
cerca de US$ 9 bilhões, a maior parte disso em ativos de energia. Mas depois
puxaram o freio para avaliar as mudanças que ocorriam no cenário político. Essa
cautela reduziu em quase 70% o volume de investimentos nos anos seguintes, que
ficaram em torno de US$ 3 bilhões.
As incertezas sobre o resultado das
eleições presidenciais, o discurso pouco amistoso do presidente Jair Bolsonaro
(que chegou a dizer que a China não comprava no Brasil, mas estava comprando o
Brasil) e o alinhamento incondicional do governo com os EUA, rival comercial
dos chineses, esfriaram o relacionamento com os asiáticos.
Agora, depois do movimento de aproximação
de Bolsonaro com Xi Jinping e, principalmente, os vários projetos de concessão
e privatização em oferta no Brasil, os chineses colocaram novamente o País no
radar. A expectativa para este ano é de que eles tragam algo como US$ 7 bilhões
para gastar por aqui, diz Eduardo Centola, presidente do banco Modal. O
executivo, também membro do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), assessora
grupos chineses interessados no País.
Os especialistas avaliam que os chineses querem repetir no
Brasil o que já fizeram na África. Entre as grandes potências do mundo na área
de infraestrutura, os chineses dominaram a construção de estradas, ferrovias e
hidrelétricas em países como Angola, África do Sul e Moçambique.
Com infraestrutura precária e um governo
sem recursos para fazer investimentos, o Brasil é um terreno fértil para os
chineses. "A China está disposta a investir fortemente no Brasil e na
América do Sul", diz Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e
Indústria Brasil China (CCIBC).
Um dos principais alvos no momento é a
Sabesp, maior companhia privada do País de tratamento de água e de esgoto. A
empresa tem quase 28 milhões de clientes no Estado de São Paulo e fatura R$ 16
bilhões por ano. O Estado apurou que o grupo China Railway Construction
Corporation , um dos maiores em infraestrutura, está em conversas para comprar
um pedaço grande da companhia.
Economia & Negócios
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