Autoridades,
acadêmicos e gestores públicos e privados estão preocupados com a quantidade de
jovens que têm deixado o campo para tentar a vida na cidade. O assunto foi
destaque na abertura do Seminário Alimento e Sociedade – Estado Geral da
Alimentação no Brasil, promovido hoje (27), em Brasília, pelo Instituto Fórum
do Futuro.
Segundo o presidente do
instituto, Alysson Paolinelli, a chegada das novas tecnologias e a tendência de
crescimento do mercado de produtos ambientalmente responsáveis, associados ao
interesse dos jovens por esses tipos de produtos – têm reforçado cada vez mais
a importância da presença e integração dos jovens à produção rural.
“A participação do jovem é
fundamental para lidarmos com as mudanças que vêm acontecendo”, disse Paolinelli.
“O mundo hoje, especialmente os jovens, quer conversar sobre alimentos
saudáveis e sobre a agricultura verde que está vindo aí: a chamada agricultura
biológica, tão em moda”, disse.
Em sua explanação, Paolinelli lembrou que a agricultura
no Brasil focalizou muito nas commodities ao longo
da história. “E commodities têm um fato inexorável: ou
tem um produto em ótima qualidade, a preço competitivo e com constância da
oferta, ou não se disputa mercado”. “Com a agricultura verde é diferente”,
acrescentou, ao destacar o potencial brasileiro para dar conta de um mercado
que busca produtos saudáveis e ecologicamente responsáveis.
“Deus nos deu uma estufa
permanente de 12 meses, para que possamos atender a essa nova demanda. Esse
salto vai depender da nossa juventude. Agora, essa juventude não é só a que
estudou e está preparada. É a sociedade jovem que questiona o que fizemos até
agora. Ela precisa vir e participar conosco. Vamos integrá-la a esse projeto”,
argumentou.
O
evento teve lugar no Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura
(IICA). Para o representante do IICA no Brasil, Hernán Chiriboga, a saída dos
jovens pode prejudicar o uso de adventos tecnológicos no campo. “Temos de
tornar o campo mais atrativo para o jovem, inclusive para prepará-lo para o uso
da tecnologia. O jovem é que tem mais projetos do que lembranças. Temos que
tornar nosso campo em agricultura 4.0”, argumentou, ao defender o uso de
tecnologias como as de aplicativos e drones para melhorar a agricultura
brasileira.
Também integrando a mesa de
abertura, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina,
disse que o foco tem que estar voltado, não só ao jovem, mas também à mulher do
campo.“Precisamos levar tecnologia aos mais de 5,4 milhões de pequenos produtores
rurais no Brasil, principalmente os pequenos. Tenho certeza de que isso será um
atrativo para o jovem ficar no campo e ajudar a rejuvenescer este setor que
está ficando com a cabeça branca”.
“Precisamos também olhar as
mulheres do campo, que são tão importantes quanto os jovens. Se ela fica no
campo, o filho fica também”, acrescentou, defendendor o estímulo a atividades
atrativas, como o artesanato, para as pequenas produtoras rurais.
O
Instituto Fórum do Futuro, grupo de reflexão independente, reúne hoje e amanhã
(28), em Brasília, um grupo de acadêmicos, formuladores, gestores públicos e
privados com o objetivo de debater propostas para o desenvolvimento sustentável
da agricultura no país.
Um dos destaques é a
apresentação de resultados do projeto-piloto Biomas Tropicais, desenvolvido
pelo Fórum do Futuro, para analisar possibilidades e limites de uso dos
recursos naturais. A primeira etapa foi concluída a partir de uma pesquisa no
Cerrado. O instituto pretende fazer parceria com entes públicos e privados para
expandir a pesquisa aos demais biomas brasileiros.
Fonte: Agencia Brasil
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