Pouco mais de um ano depois de sua implantação no Brasil, o
VAR ainda não caiu nas graças do público. As longas conversas entre o juiz de
campo e a equipe que fica na sala que opera os equipamentos têm tomado cada vez
mais tempo nas partidas. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) estuda como
melhorar o uso do árbitro de vídeo no Brasileirão e deverá anunciar mudanças na
segunda-feira.
No
último balanço divulgado pela CBF, após as primeiras cinco rodadas do
Campeonato Brasileiro, cada consulta ao VAR tem demorado, em média, 110
segundos (1min50s), tempo 46% acima do recomendado pela Fifa quando a entidade
aprovou o uso da tecnologia. Os 75 segundos (1min15s) apontados pela
organização foram exatamente os registrados na primeira experiência do VAR no
Brasil, em 14 jogos da Copa do Brasil na temporada passada.
No último fim de semana, os problemas do futebol nacional
com o VAR ficaram evidenciados com a estreia do recurso no Campeonato Inglês.
Decisões rápidas, transparentes ao público e sem longas paralisações até
chegaram a levantar dúvidas se as regras seriam diferentes nos torneios. Mas
não é o que se conclui ao ler o regulamento.
Há apenas quatro tipos de lances que podem ser analisados
pelo VAR no Brasil, na Inglaterra ou em qualquer outro lugar do mundo, segundo
a cartilha feita pelo Conselho da Federação Internacional de Futebol (Ifab, na
sigla em inglês): se foi gol ou não, se houve pênalti, erro de identificação
para aplicar um cartão e se a jogada foi ou não para vermelho direto.
Até
mesmo o slogan que norteia os protocolos de arbitragem no Brasileirão e no
Campeonato Inglês é o mesmo: "Interferência mínima, benefício
máximo". O que difere os torneios são as orientações. Antes de o
Campeonato Inglês colocar em prática oficialmente a tecnologia, foram dois anos
de testes realizados. Assim, foi possível fazer ajustes para minimizar o
impacto do VAR no espetáculo.
Por aqui, no entanto, o problema parece estar mesmo na
demora para uma tomada de decisão. No empate entre Palmeiras e Bahia, válido
pela 14ª rodada do Brasileiro, dois pênaltis foram marcados para a equipe
baiana após Ricardo Marques Ribeiro, árbitro de vídeo, acionar Igor Benevenuto
em campo. Em cada uma das vezes, cerca de cinco minutos foram gastos para que
um consenso fosse tomado sobre as infrações. A partida teve uma duração total
de 107 minutos - 17 a mais do que o tempo regulamentar.
O zagueiro Vitor Hugo, que fazia sua reestreia pela
equipe paulista depois de duas temporadas na Itália e teve contato com o VAR na
Europa, estranhou a demora. "Quando cheguei na Itália já tinha o VAR. Lá,
o árbitro se faz respeitar mais e os jogadores respeitam mais toda situação do
VAR. Também é mais rápida a tomada de decisão. Aqui está pecando um pouco, não
na decisão em si, mas no tempo que está levando."
Continua
a seguir...
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