Após um
pedido da defesa do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, suspendeu nesta segunda-feira
(15) todos os processos judiciais que tramitam no País onde houve
compartilhamento de dados da Receita Federal, do Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf) e do Banco Central com o Ministério Público sem
uma prévia autorização judicial, ou que foram instaurados sem a supervisão da
Justiça. Toffoli tomou a decisão em um processo em que
se discute a possibilidade ou não de os dados bancários e fiscais do
contribuinte serem compartilhados sem a intermediação do Poder Judiciário.
Com
a determinação do ministro, todos os casos que tratam sobre a controvérsia
ficam suspensos até que o STF decida sobre a questão. O julgamento pelo
plenário está marcado para novembro. A decisão do presidente da Corte deve ter
efeitos sobre o processo que tramita contra Flávio Bolsonaro, um dos filho do
presidente Jair Bolsonaro, no Ministério Público do Rio de Janeiro, revelado
pelo jornal O Estado de S. Paulo em dezembro. Foi um pedido da própria defesa
do senador que resultou na medida tomada por Toffoli, mas a decisão não deixa
expresso se a investigação contra Flávio também está suspensa.
No
caso, o Ministério Público estadual pediu a quebra de sigilo com o fim de
investigar a suposta prática dos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e
organização criminosa no gabinete do ex-deputado estadual na Assembleia
Legislativa do Rio (Alerj). A defesa de Flávio afirma que o MP-RJ se utilizou
do Coaf como "atalho" e se furtou ao controle do Poder Judiciário.
"Sem
autorização do Judiciário, foi realizada devassa, de mais de uma década, nas
movimentações bancárias e financeiras", afirmam. O advogado do senador
anota também que o Ministério Público já estaria em poder das informações
bancárias e fiscal fornecidas pelo Coaf quando a quebra do sigilo foi "posteriormente
autorizada judicialmente".
O processo pelo qual Toffoli tomou a decisão entrou em
destaque em março deste ano, quando teve o julgamento marcado pelo presidente
da Corte - que acabou adiado. O caso ressurgiu na esteira de uma forte reação
do STF após vazamento de informações do Fisco sobre procedimentos abertos para
analisar dados fiscais de ministros de tribunais superiores, como Gilmar
Mendes, e familiares. O caso, como revelou o Estado, causou uma grave crise na
Receita. Integrantes do Supremo entendem que os auditores extrapolaram suas
funções, entrando em seara criminal, que não é de competência do Fisco. Na
decisão tomada nesta segunda-feira, Toffoli invoca o poder de cautela para
suspender os procedimentos.
O
presidente da Corte observa que o "Ministério Público vem promovendo
procedimentos de investigação criminal (PIC), sem supervisão judicial, o que é
de todo temerário do ponto de vista das garantias constitucionais que assistem
a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado".
Bastidores
do Poder
Nenhum comentário:
Postar um comentário