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segunda-feira, 29 de julho de 2019

Caso dos hackers vai ser foco de CPI no Congresso




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Parlamentares da base e da oposição no Congresso pretendem explorar politicamente a prisão de quatro suspeitos de invadir celulares de autoridades dos três Poderes, incluindo o presidente Jair Bolsonaro. Uma das ideias é utilizar a recém-criada CPI das fake news para interrogar os presos. A comissão ainda não começou a funcionar. Os partidos precisam indicar os nomes que vão integrar o colegiado, o que só deve ocorrer a partir da segunda semana de agosto, após o fim do recesso parlamentar. O líder da bancada da bala, Capitão Augusto (PL-SP), no entanto, já avisou que pretende fazer parte. "E vou apresentar o requerimento para que todos os envolvidos sejam ouvidos", disse ele à reportagem.
Um dos focos dos parlamentares é descobrir se os ataques foram encomendados e tiveram motivação política. Desde o início de junho, o site The Intercept Brasil e outros veículos de imprensa têm publicado supostas trocas de mensagens obtidas nas contas do aplicativo Telegram de integrantes da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Segundo o site, as conversas indicam conluio entre procuradores e o então juiz do caso e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro. Os alvos dos ataques negam irregularidades e afirmam não ser possível confirmar a autenticidade dos diálogos. Em depoimento à Polícia Federal, Walter Delgatti Neto, conhecido como "Vermelho", afirmou que a ex-deputada federal Manuela D'Avila (PCdoB-RS) foi quem intermediou o contato com o jornalista Glenn Greenwald, fundador do The Intercept Brasil. Ele disse não ter recebido pagamento para repassar as mensagens.
"Queremos saber de onde veio o dinheiro que foi encontrado na conta dos hackers", disse Augusto, em referência aos mais de R$ 627 mil movimentados nas contas de Gustavo Henrique Elias Santos e Suelen Priscila de Oliveira, outros dois presos na Operação Spoofing.
Se os investigados forem convocados, não será a primeira vez que a Câmara vai sabatinar presos. Em 2015, um grupo de deputados da CPI da Petrobras foi a Curitiba ouvir alvos da Lava Jato. Anos antes, em 2012, o contraventor Carlos Augusto dos Santos, o Carlinhos Cachoeira, foi ao Congresso também quando estava preso, mas, amparado por um habeas corpus, ficou calado diante dos parlamentares.
O líder do Podemos, José Nelto (GO), defende prioridade ao assunto logo que a Câmara retomar os trabalhos. "Esse fato deve ser o primeiro a ser discutido no colégio de líderes: quem são os mandantes, quem ganhou, quem tá falando verdade ou mentindo?", questionou o deputado. "Ou o Congresso age ou ficará desmoralizado."
Na lista de alvos dos hackers, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também defende usar a CPI para investigar os ataques. "Combater este crime não é dever só da polícia, o legislador também deve colaborar com soluções e leis mais transparentes para o bem de todos. É isso que queremos debater na CPMI que vai investigar as notícias falsas no Congresso", escreveu o senador em seu Twitter. Além de Alcolumbre, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi vítima dos ataques virtuais.

Bastidores do Poder

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