A
capital do Brasil será a capital dos festejos de São João fora de época. Nos
dias 2, 3 e 4 de agosto, Brasília vai sediar o Campeonato Brasileiro de
Quadrilhas Juninas, também conhecido como Brasileirão de Quadrilhas. Vinte e
dois estados, além do Distrito Federal, participarão da 7ª edição do torneio
que ocorrerá em Samambaia, uma das regiões administrativas mais populosas do
DF. A expectativa é que até 10 mil pessoas assistam o campeonato. “Brasília é
uma referência forte em festa junina. Tem um estilo bem próprio de dançar. É
bem caipira, é bem interessante”, atesta Michael Helry da Silva, presidente da
Confederação Nacional de Quadrilhas Juninas e Grupos Folclóricos, Conaqj.
Segundo ele, a cidade construída por candangos vindos especialmente do
Nordeste, “herdou o amor pelos festejos juninos”.
Até hoje, 59 anos após a inauguração, metade dos
imigrantes (49,88%) de Brasília são oriundos de um dos estados do Nordeste,
especialmente da Bahia (143 mil pessoas), Piauí (137 mil) e do Maranhão (136
mil), conforme os dados da Pesquisa Distrital por Amostra de
Domicílios (2018), da Companhia de Planejamento do
Distrito Federal (Codeplan). Os dados populacionais não computam, porém, os
filhos dos imigrantes que hoje passam a animar as quadrilhas juninas da
capital, gente como o professor de educação física Patrese Ricardo da Silva
Mendes, filho de cearense, que coordena as quadrilhas Formiga da Roça e Coisas
da Roça, ambas da região administrativa de São Sebastião, a 24 km do Plano
Piloto.
Patrese,
hoje com 34 anos, dança quadrilha desde a adolescência. O interesse começou ao
perceber que os festejos juninos eram uma das poucas atrações para rapazes e
moças quando era jovem em São Sebastião. “Eu achava bacana, e além disso
faltava lazer pra gente”.
Formiga da Roça e Coisas da
Roça são duas das oito quadrilhas juninas do módulo especial que disputam até
21 de julho o Festival Gonzagão de quadrilhas juninas, que vai escolher os dois
grupos da cidade que participarão do Brasileirão de Quadrilhas. A produção das
quadrilhas no DF mobiliza 5 mil brincantes anualmente em cerca de 50
quadrilhas, e criam ocupação e renda para cerca de 80
mil pessoas que se mobilizam por quase um ano, como acontece com as
escolas de samba no Rio de Janeiro, com a organização das apresentações
juninas.
Esse
é o caso, por exemplo, do professor de dança e coreógrafo Leandro Mota, que
desde o final de cada ano escolhe e estuda um tema para as apresentações da
Formiga da Roça do ano seguinte.
“Adaptamos histórias para o
movimento junino. Estamos crescendo e trazendo temáticas diferentes, não apenas
de São João, e encaixando na linguagem de quadrilha junina”, conta Mota ao
assinalar a necessidade de planejar antecipadamente as apresentações.
Os ensaios juninos em São
Sebastião começam em janeiro, após o recrutamento de jovens nas escolas
públicas de toda a cidade. Neste ano, a quadrilha traz 120 brincantes de oito
regiões administrativas e até de uma cidade do entorno goiano (Luziânia). As
apresentações em 2019 começaram na segunda quinzena de maio e vão até agosto.
Só neste mês de junho, a quadrilha fará um total de 34 apresentações.
Agencia
Brasil
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