Mensagens
enviadas a partir do celular de um conselheiro do Conselho Nacional do
Ministério Público (CNMP) no grupo de Telegram do colegiado chamaram a atenção
dos colegas para a invasão de hacker no chat de conversas. Um dos torpedos
dizia que o caso revelado no Domingo (9) pelo site The
Intercept Brasil envolvendo o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o
procurador da República Deltan Dallagnol era apenas "uma amostra do que
vocês vão ver na semana que vem", dizia o texto.
As
mensagens foram disparadas do celular do conselheiro Marcelo Weitzel Rabello de
Souza nesta terça-feira, 11, por volta das 23h. Os colegas estranharam o tom
dos torpedos e começaram a questionar o conselheiro no grupo. Na sequência,
receberam outro torpedo dizendo: "Aqui é o hacker".
Os conselheiros então ligaram para Souza, que argumentou
que não estaria usando o aparelho no momento dos envios das mensagens. O
conselheiro nega que seja uma brincadeira dele com os colegas.
Segundo fontes, a procuradora-geral da República, Raquel
Dodge, também pode ser uma das participantes desse grupo de Telegram do CNMP.
Ela preside o colegiado, que usa o chat de forma institucional, para agendamento
de datas de julgamentos ou troca de opiniões. Procurada, Raquel Dodge ainda não
retornou para comentar. Na segunda-feira (10), o corregedor nacional do
Ministério Público, Orlando Rochadel, instaurou reclamação disciplinar para
apurar as trocas de mensagens envolvendo o procurador Deltan Dallagnol. A
instauração da reclamação foi feita com base nos pedidos dos conselheiros Luiz
Fernando Bandeira, Gustavo Rocha, Erick Venâncio e Leonardo Accioly. O
corregedor nacional também determinou a notificação dos membros do Ministério
Público Federal integrantes da Operação Lava Jato para manifestação no prazo de
10 dias.
O
jornal O Estado de S. Paulo apurou que a Polícia Federal instaurou há cerca de
um mês um inquérito para investigar ataques feitos por hackers aos celulares de
procuradores da República que atuam nas forças-tarefas da Lava Jato em
Curitiba, no Rio e em São Paulo. Há poucos dias, outro inquérito foi aberto
para apurar ataques ao celular do ministro Sergio Moro. No domingo, o site The
Intercept Brasil divulgou conteúdo de supostas mensagens
trocadas pelo então juiz federal Sergio Moro e por integrantes do Ministério
Público Federal, como o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da
força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.
As
conversas mostrariam que Moro teria orientado investigações da Lava Jato por
meio de mensagens trocadas no aplicativo Telegram. O site afirmou que recebeu o
material de fonte anônima. O The Intercept tem
entre seus fundadores Glenn Greenwald, americano radicado no Brasil que é um
dos autores da reportagem. De acordo com o site, há conversas escritas e
gravadas nas quais Moro sugeriu mudança da ordem de fases da Lava Jato, além de
dar conselhos, fornecer pistas e antecipar uma decisão a Dallagnol.
Os
hackers miraram especialmente em mensagens trocadas por meio do Telegram. As
vítimas, que não haviam acionado a verificação em duas etapas, recurso que
adiciona camada adicional de segurança às mensagens, tiveram suas conversas
violadas pelos criminosos, segundo fonte a par da investigação.
Os procuradores notificaram a Polícia Federal após um
deles desconfiar de mensagem recebida por meio do aplicativo. O ataque em massa
foi descoberto e começou a ser apurado pela PF.
Bastidores
do Poder
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