Representantes
de dez partidos, entre eles PSDB, PDT, PT e Cidadania, se reuniram na noite
desta segunda-feira, 20, em São Paulo, para organizar o lançamento do movimento
"Direitos Já, Fórum pela Democracia". O objetivo é formatar um grupo
suprapartidário de oposição ao governo Jair Bolsonaro. A iniciativa acontece a
poucos dias de manifestação pró-governo, marcada para o próximo domingo, e num
momento em que a oposição organizada dos partidos de esquerda e de
centro-esquerda ainda é tímida no Congresso.
O
encontro foi organizado pelo escritor Fernando Guimarães, do PSDB, e pelo
advogado Marco Aurélio Carvalho, do PT. O movimento começou como um grupo de
WhatsApp que ultrapassou 200 integrantes de vários partidos. Segundo eles, a
ideia agora é lançar um manifesto e organizar um ato no Tuca, o teatro mantido
pela PUC em São Paulo. Ainda não existe uma data fechada para isso.
"A ideia é ver se a gente quebra o gelo e atua com
uma plataforma comum", disse o advogado Pedro Serrano, que cedeu seu
apartamento para o encontro. Carvalho seguiu na mesma linha e defendeu a busca
por uma "pauta comum". "O que nos une é maior do que aquilo que
nos divide", disse ele.
Entre os cerca de 40 convidados, estavam políticos como o
ex-ministro Aloizio Mercadante, o ex-prefeito Fernando Haddad e o vereador
Eduardo Suplicy, todos do PT; o ex-ministro da Justiça José Gregori, o
ex-senador José Aníbal e o vereador tucano Daniel Anneberg, pelo PSDB; o
candidato derrotado do PSOL à Presidência, Guilherme Boulos, o presidente do
PV, José Pena; José Gustavo, porta voz da Rede; além de lideranças do PDT,
Cidadania, PSOL e PCdoB e dirigentes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),
UNE e do movimento negro.
Os participantes disseram que não foram representando
seus partidos. Vários deles não têm cargo relevante de direção nas siglas. Mas
se comprometeram a levar o que foi discutido para suas respectivas legendas.
"Uma mistura dessas só vi nas Diretas-Já",
disse Gregori, ao encontrar Suplicy no elevador. Os convidados que chegavam ao
evento recebiam um broche onde se lia "Direitos Já". Garrafas de
vinho tinto e branco faziam companhia a sanduíches.
Os planos de união não evitaram, porém, algumas reações
mais ásperas. Durante sua fala, o advogado Celso Antonio Bandeira de Mello
afirmou que Bolsonaro foi eleito "devido à influência dos Estados
Unidos" e que, neste sentido, era preciso ter consciência de quem está
"do outro lado". O tucano André Franco Montoro se irritou e
interrompeu o advogado. "Não vamos começar com teoria da conspiração aqui.
O governo foi legitimamente eleito. Se for assim, vou me levantar e vou
embora", criticou ele, que acabou permanecendo no encontro.
Bastidores do Poder
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