O
SINDIMED participou da Primeira Reunião do Fórum de Vigilância Epidemiológica,
no dia 12 abril, na sede do Ministério Público Estadual, no Centro
Administrativo da Bahia, a convite do promotor de Justiça Rogério Queiroz,
coordenador do Centro de Apoio Operacional da Defesa da Saúde do MP (Cesau). As
palestras versaram sobre o Cenário Epidemiológico e sucessos e fracassos no
controle de doenças infecciosas no Brasil, com ênfase na tuberculose,
multirresistências e arboviroses.
Foi dito que, como consequência
da transição demográfica associada a alterações ambientais e desigualdades
sociais, observa-se um novo perfil de doenças nas populações negligenciadas,
como a emergência de um padrão epidemiológico urbano da leptospirose,
reemergência da dengue na América Latina (três em cada quatro municípios
brasileiros estão densamente infestados pelo A aegypti), risco do
desenvolvimento de doença de Chagas em Salvador, além da permanência da
tuberculose, uma das dez principais causas de morte em todo o mundo.
Representando
o Sindimed-BA no Fórum, chamei a atenção sobre o cenário epidemiológico da
Bahia. Nosso estado vive uma epidemia de sífilis: foram 26.574 casos de sífilis
adquirida no período compreendido entre 2012 a 2017. Isso representa um
incremento de 390%, ao lado de aumento de 966% na sífilis na gestante e 571% na
sífilis congênita em menores de um ano, de 2007 a 2017. Com relação à Hanseníase, entre 2006 e 2017, houve alto coeficiente de
detecção geral e de detecção em menores de 15 anos e percentual regular de cura
de casos novos (abaixo da meta). Os casos de infecção por HIV aumentaram 1213%,
de 2007 a 2017, lembrando que a notificação compulsória se deu a partir de
2014.
A
taxa de incidência de tuberculose tendeu à redução nos últimos anos (em
Salvador, essa taxa é quase duas vezes maior que a da Bahia e a do Brasil),
assim como houve queda de 8,1% na taxa de mortalidade pela doença. No estado, o
aumento ‘da taxa de coinfecção TB/HIV alcançou 232,3%, de 2008 a 2017. Na Bahia, até a V Semana Epidemiológica (30/12/2018 a 02/02/2019), em
comparação com o mesmo período de 2018, observa-se aumento de 226% para os
casos prováveis de Dengue. Redução de 82,1% para os casos suspeitos de Zika e
redução de 53,6% para os casos suspeitos de Chikungunya.
A cobertura vacinal sofreu redução acentuada, desde 2015, chegando a
ser, em relação à poliomielite, de 57,27 % em 2018 (98,45% em 2008), e, em
relação à tríplice viral, de 60,66% em 2018, bem diversa da taxa de 102,05%, em
2008. Ademais, a homogeneidade dessa cobertura para sarampo e rubéola (meta
70%) caiu de 71,7%, em 2007, para 37,65%, em 2016. A Lei 8080/90 determina que “a missão da Vigilância Epidemiológica é
proporcionar conhecimento, detecção ou prevenção de qualquer mudança nos
fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a
finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das
doenças ou agravos”.
O que a Vigilância Epidemiológica da SESAB está fazendo para cumprir o
que a lei determina? Por que a saúde dos baianos encontra-se afetada dessa
maneira? O que explica índices tão baixos de cobertura vacinal, a epidemia de
sífilis (adquirida, na gestante e em crianças menores de um ano, comprometendo
o futuro de toda uma geração), além dos índices alarmantes de dengue na
Bahia???
Faz-se necessário e urgente que a Secretaria de Saúde do Estado da
Bahia priorize a população acometida por esses agravos. As equipes de saúde
devem ser capacitadas para atuar nesse cenário através de ações contínuas e
integradas, para que medidas de controle apropriadas sejam implementadas, pois
o baiano exige saúde padrão GGG.
Fontes: Boletim Epidemiológico arboviroses, Bahia, 2019 Cenário
Epidemiológico da Bahia: DIVEP/SESAB/SUVISA
Dra. Lourdes Alzimar Mendes de
Castro
Médica Pneumologista e Diretora
de Organização, Administração e Patrimônio do Sindimed-BA
Dr. José Henrique Silva Barreto
Médico pediatra, oncologista e pneumologista
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