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sexta-feira, 10 de maio de 2019

Índices alarmantes na saúde pública na Bahia demandam ações urgentes do Governo – Pelos profissionais, Dra. Lourdes Alzimar e Dr. José Henrique





O SINDIMED participou da Primeira Reunião do Fórum de Vigilância Epidemiológica, no dia 12 abril, na sede do Ministério Público Estadual, no Centro Administrativo da Bahia, a convite do promotor de Justiça Rogério Queiroz, coordenador do Centro de Apoio Operacional da Defesa da Saúde do MP (Cesau). As palestras versaram sobre o Cenário Epidemiológico e sucessos e fracassos no controle de doenças infecciosas no Brasil, com ênfase na tuberculose, multirresistências e arboviroses. Foi dito que, como consequência da transição demográfica associada a alterações ambientais e desigualdades sociais, observa-se um novo perfil de doenças nas populações negligenciadas, como a emergência de um padrão epidemiológico urbano da leptospirose, reemergência da dengue na América Latina (três em cada quatro municípios brasileiros estão densamente infestados pelo A aegypti), risco do desenvolvimento de doença de Chagas em Salvador, além da permanência da tuberculose, uma das dez principais causas de morte em todo o mundo.
Representando o Sindimed-BA no Fórum, chamei a atenção sobre o cenário epidemiológico da Bahia. Nosso estado vive uma epidemia de sífilis: foram 26.574 casos de sífilis adquirida no período compreendido entre 2012 a 2017. Isso representa um incremento de 390%, ao lado de aumento de 966% na sífilis na gestante e 571% na sífilis congênita em menores de um ano, de 2007 a 2017. Com relação à Hanseníase, entre 2006 e 2017, houve alto coeficiente de detecção geral e de detecção em menores de 15 anos e percentual regular de cura de casos novos (abaixo da meta). Os casos de infecção por HIV aumentaram 1213%, de 2007 a 2017, lembrando que a notificação compulsória se deu a partir de 2014.
A taxa de incidência de tuberculose tendeu à redução nos últimos anos (em Salvador, essa taxa é quase duas vezes maior que a da Bahia e a do Brasil), assim como houve queda de 8,1% na taxa de mortalidade pela doença. No estado, o aumento ‘da taxa de coinfecção TB/HIV alcançou 232,3%, de 2008 a 2017. Na Bahia, até a V Semana Epidemiológica (30/12/2018 a 02/02/2019), em comparação com o mesmo período de 2018, observa-se aumento de 226% para os casos prováveis de Dengue. Redução de 82,1% para os casos suspeitos de Zika e redução de 53,6% para os casos suspeitos de Chikungunya.

A cobertura vacinal sofreu redução acentuada, desde 2015, chegando a ser, em relação à poliomielite, de 57,27 % em 2018 (98,45% em 2008), e, em relação à tríplice viral, de 60,66% em 2018, bem diversa da taxa de 102,05%, em 2008. Ademais, a homogeneidade dessa cobertura para sarampo e rubéola (meta 70%) caiu de 71,7%, em 2007, para 37,65%, em 2016. A Lei 8080/90 determina que “a missão da Vigilância Epidemiológica é proporcionar conhecimento, detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”.

O que a Vigilância Epidemiológica da SESAB está fazendo para cumprir o que a lei determina? Por que a saúde dos baianos encontra-se afetada dessa maneira? O que explica índices tão baixos de cobertura vacinal, a epidemia de sífilis (adquirida, na gestante e em crianças menores de um ano, comprometendo o futuro de toda uma geração), além dos índices alarmantes de dengue na Bahia???

Faz-se necessário e urgente que a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia priorize a população acometida por esses agravos. As equipes de saúde devem ser capacitadas para atuar nesse cenário através de ações contínuas e integradas, para que medidas de controle apropriadas sejam implementadas, pois o baiano exige saúde padrão GGG.

Fontes: Boletim Epidemiológico arboviroses, Bahia, 2019 Cenário Epidemiológico da Bahia: DIVEP/SESAB/SUVISA

Dra. Lourdes Alzimar Mendes de Castro
Médica Pneumologista e Diretora de Organização, Administração e Patrimônio do Sindimed-BA

Dr. José Henrique Silva Barreto
Médico pediatra, oncologista e pneumologista 



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