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quinta-feira, 14 de março de 2019

“Suspender o transplante renal pediátrico no estado da Bahia é um retrocesso”, afirmam profissionais




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O serviço de Transplante Renal Pediátrico do Hospital Ana Nery foi iniciado em Maio de 2009, foi o primeiro e continua sendo o único serviço de transplante renal pediátrico no estado da Bahia. Desde o início, foram transplantadas 100 crianças de 2 a 18 anos e temos resultados semelhantes aos grandes centros. 
O número de transplantes realizados ainda é bem aquém da necessidade do nosso estado, mas a falta de estrutura hospitalar com leitos disponíveis de UTI pediátricas disponíveis e todo o suporte necessário tem limitado nosso número de transplante. Há 4 anos, não fazemos transplantes com doador vivo por ser considerado procedimento eletivo, perdendo assim a prioridade do leito de UTI pediátrica que são poucos no Hospital Ana Nery que também é referência de cirurgia cardíaca. 
Há mais de 3 anos, temos o projeto de ser referência para os estados das regiões Norte de Nordeste onde não há disponível esta terapia. No entanto,  por questões de estrutura hospitalar (como vagas de UTI pediátrica), não podemos iniciar este projeto. 
No dia 08/11/2018, fomos informados verbalmente pela diretoria clínica do Hospital Ana Nery que o transplante renal pediátrico seria suspenso a partir de então, inicialmente por 90 dias, devido às questões orçamentárias/financeiras.Posição esta endossada pela Secretária de Saúde do Estado em reunião realizada no dia 20/11/18. 
Temos várias crianças em lista de espera para transplante, outras em preparo para transplante e muitas outras portadoras de doença renal crônica que tem caráter progressivo e inexorável para necessidade de Terapia de Substituição Renal. O serviço do Hospital Ana Nery é o único do Estado e, mesmo este oferecendo o tratamento fora do domicílio (TFD), a nossa população, pobre na grande maioria, não tem condição de aceitar as transferências para outros estados. Suspender o transplante renal pediátrico no estado da Bahia é um retrocesso de 10 anos na evolução da saúde do nosso estado.
Aceitaremos todo o apoio disponível para revertermos esta situação o quanto antes, pois cada minuto pode representar prejuízo para as nossas crianças em lista de transplante. No dia 23/11/18, tivemos órgãos disponibilizados para os receptores crianças listados (nós tinhamos 5 crianças no topo do ranking), mas tiveram que ser encaminhados para outros serviços diante do bloqueio do transplante renal pediátrico pela diretoria do Hospital Ana Nery/SESAB. 
E o pior, eles argumentam que a justificativa é a responsabilidade orçamentária! Lamentável!

Atenciosamente,
Claudia Andrade (Nefrologista  Pediatrica) e Frederico
Mascarenhas (Urologista)


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