Juan
Guaidó, reconhecido por mais de 50 países como presidente interino da
Venezuela, irá visitar o Brasil. A viagem a Brasília foi confirmada pelo
vice-presidente Hamilton Mourão. Guaidó deve chegar à capital
brasileira às 22h desta quarta-feira (27) e, segundo aliados do líder
antichavista, terá um encontro com o presidente Jair Bolsonaro.
O
plano do líder opositor é fazer uma visita de agradecimento a Bolsonaro e
conversar sobre temas relacionados a uma possível transição no país
sul-americano em crise. O Brasil, junto à Colômbia e com coordenação dos EUA,
ajudou na tentativa frustrada de entrada de ajuda humanitária no país vizinho.
Outro
tema que Gauidó e seus assessores querem tratar é o retorno à Venezuela, uma
vez que o opositor estava impedido de sair do país pelo regime do ditador
Nicolás Maduro. Em entrevista ao jornal colombiano El Tiempo, Guaidó disse que
pretende voltar pelo aeroporto de Maiquetía, em Caracas, de maneira aberta,
"como tem de ser", mas que sabia das dificuldades da situação.
A
Folha de S.Paulo apurou que a equipe de Guaidó trabalha com três
possibilidades. A primeiro seria enfrentar o regime entrando por Maiquetía.
"Se algo acontecer comigo, a reação internacional seria imensa",
declarou na Colômbia.
A segunda seria voltar como saiu, pelas trilhas
clandestinas da fronteira entre Venezuela e Colômbia, na região de Cúcuta. A
opção, porém, é perigosa. A área tem a presença de paramilitares colombianos,
coletivos e forças de segurança do chavismo, além de guerrilheiros do ELN
(Exército de Libertação Nacional), guerrilha colombiana alojada em parte do
lado venezuelano da fronteira e pró-Maduro. Guaidó contou à Folha de S.Paulo
que levou mais de 40 horas para cruzar a fronteira entre a Venezuela e a
Colômbia e que teve a ajuda de contatos nas Forças Militares. Agora, porém, as
atenções do regime sobre seus passos seriam maiores.
A
terceira opção poderia ser via fronteira brasileira, e este pode ser um dos
assuntos tratados na reunião com Bolsonaro. Após acompanhar, em Cúcuta, a
tentativa frustrada de entrada de ajuda humanitária na Venezuela, Guaidó
participou na segunda-feira (25) de reunião do Grupo de Lima em Bogotá que
discutiu a crise na Venezuela. Apesar das duras críticas a Maduro, a declaração
final do fórum que reúne 14 países das Américas descartou qualquer intervenção
militar para tirar Maduro do poder.
No
dia anterior à cúpula em Bogotá, Guaidó afirmou à Folha de S. Paulo que não
descartava pedir uma intervenção estrangeira à comunidade internacional.
Bastidores
do Poder
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