A diplomação do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL) e de seu
vice, general Hamilton Mourão (PRTB), nesta segunda (10), marca o início da
segunda temporada da transição: a montagem das equipes de segundo e terceiro
escalões, o que pode interferir na composição de sua base no Congresso.
"Este trabalho inicia nesta
semana", informou o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil). A primeira
etapa, de formação de ministério, foi concluída neste domingo (9) com a escolha
de Ricardo Salles (Novo) para o Meio Ambiente -a 22ª pasta.
Com deputados e senadores em Brasília para a cerimônia, às 16h
no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), já começam as conversas com os partidos.
Bolsonaro deve receber ao longo desta semana representantes de PSD, DEM, PP,
PSB, além do próprio PSL. Parlamentares que estiveram com Bolsonaro nos últimos
dias ouviram que ele não quer a velha política do toma-lá-dá-cá -indicação de
cargos em troca de apoio político. No entanto, o presidente eleito também
sinalizou que não contará nas votações somente com o apoio das frentes
parlamentares que, até o momento, definiram alguns nomes do primeiro escalão.
Congressistas que apoiaram Bolsonaro na campanha e que viram a
Esplanada dos Ministérios ser preenchida sem que pudessem indicar aliados
esperam uma sinalização do futuro governo sobre a abertura que terão para
sugerir nomes às demais estruturas federais. No Congresso, a avaliação é que
essa estratégia de priorizar bancadas temáticas como as do agronegócio, da
segurança e evangélica pode dar certo na votação da pauta sobre costumes, como
a redução da maioridade penal. No entanto, parlamentares preveem entrave na
votação das reformas tributária e da Previdência.
Um dos deputados que esteve na sede da transição na semana
passada disse reservadamente que os aliados não podem "salvar o Brasil e
pular na fogueira".
Para esses aliados, aprovar matérias com
base na pressão da sociedade é sustentável só enquanto durar a lua de mel do
governo com a população -o que dependerá do ambiente econômico do país. O líder
do PR na Câmara, deputado José Rocha (BA), afirmou que seu partido dará apoio
ao governo, mas não garante adesão às propostas, o que será analisado caso a
caso.
Outra questão é a eleição dos presidentes da Câmara e do Senado.
Por mais que os interlocutores de Bolsonaro digam que o Palácio do Planalto não
vai interferir na disputa, a definição de quem o futuro governo apoiará tem
reflexo, por exemplo, no espaço que o PSL terá nas duas Casas. Líderes estão
negociando a formação de um bloco para lotear o comando da nova legislatura na
Câmara, excluindo desses postos o PSL.
No Senado, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do
presidente eleito, é contrário à candidatura de Renan Calheiros (MDB-AL),
considerado o mais forte por seus pares até agora.
Com informações da Folhapress.
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