O
apoio do brasileiro à Operação Lava Jato, a maior ofensiva anticorrupção do
País em todos os tempos, já não é mais o mesmo. Pesquisa realizada pela Ipsos
de 1.º a 11 de agosto mostra que caiu nos últimos meses a maioria dos
indicadores de apoio à grande operação que levou para a prisão doleiros,
políticos, empreiteiros, ex-dirigentes da Petrobrás e de outras estatais e o
ex-presidente Lula. A consulta mostra que três em cada dez entrevistados (30%)
afirmam que votariam em um candidato à Presidência envolvido em escândalos de
corrupção ‘desde que fosse um bom presidente’. A pesquisa Ipsos mostra que o
engajamento junto à operação ‘vem reduzindo desde junho de 2017, ainda que a
operação permaneça como sinônimo de combate à corrupção no Brasil’. Para 86%
dos entrevistados, a operação deve ir até o fim, ‘custe o que custar’. Esse
apoio, entretanto, já foi mais alto (96%) entre 2016 e 2017. Nove em cada dez
entrevistados (87%) dizem que a Lava Jato deveria investigar todos os partidos,
mas apenas 46% acreditam que ela, de fato, esteja investigando todos eles – em
junho de 2017, esse índice era de 74%. “Esse fato pode ser um reflexo da
ausência de novos fatos após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ou pela disputa de espaço na mídia com a pauta eleitoral”, afirma Danilo
Cersosimo, diretor de Opinião Pública na Ipsos. A Ipsos é uma empresa de
pesquisa de mercado independente, presente em 89 países. A companhia, que tem
globalmente mais de 5.000 clientes e 16.600 colaboradores, entrega dados e
análises sobre pessoas, mercados, marcas e sociedades para facilitar a tomada
de decisão das empresas e das organizações. A consciência de que todos os
partidos são corruptos corresponde, atualmente, a apenas 59% da opinião pública
ante 80% até julho do ano passado. “Observamos que a pauta eleitoral e o
surgimento de partidos tidos como novos podem estar criando uma espécie de
‘joio e trigo’, com os partidos mais tradicionais sendo associados à corrupção
e os partidos mais novos (ou menos conhecidos) ficando com uma imagem menos
contaminada”, avalia Cersosimo. A percepção de que a Lava Jato não está
investigando todos os partidos caiu nove pontos de março de 2018 a agosto de
2018, ficando em 46%. Já a crença de que a operação pode ajudar a transformar o
Brasil num país sério apresentou queda de 8 pontos porcentuais em comparação a
março de 2018 (de 71% para 63%). Um novo dado pesquisado pela Ipsos foi a
opinião das pessoas sobre o fato de a Lava Jato ajudar a trazer renovação
política para o Brasil: 62% concordam com a afirmativa, 21% são discordantes e
16% se dizem em dúvida. “Ainda que a operação traga a percepção de renovação na
política para a maioria dos entrevistados, a verdade é que o ‘rouba, mas faz’
continua forte na vida brasileira”, conclui Danilo Cersosimo. Para ter
acesso ao levantamento completo, acesse aqui.
Estadão
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