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segunda-feira, 16 de julho de 2018

As lembranças que a França campeã deixará ao mundo ao bater a Croácia


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Daqui a 20, 30, 50, 100 anos, um francês haverá de lembrar saudoso em um bar qualquer da Champs-Élysées que a França goleou a Croácia por 4 a 2 no Estádio Lujniki, em Moscou, e conquistou a Copa do Mundo pela segunda vez na história. Lembrará que o trio Pogba, Griezmann e Mbappé marcou uma vez cada e se consolidou como o símbolo maior da conquista na Rússia. Haverá de lembrar que a seleção mais jovem da Copa, com média de idade de 26 anos, voltou consagrada do país em que nem Napoleão conseguiu invadir. Haverá de lembrar da glória que pela segunda vez coloriu o mundo de vermelho, branco e azul, as cores da revolução e bandeira francesas.
Enquanto isso, um croata há de lembrar tristonho em um bar qualquer da capital Zagreb que a Copa do VAR lhe deixou marcas para sempre. Certamente, se queixará da inexistência de falta em Griezmann no primeiro gol francês e da marcação do pênalti, com o auxílio do VAR, no segundo, depois de a bola resvalar na mão de Perisic, autor do primeiro gol croata. Um mais desavisado poderá dizer também que Pogba estava impedido no lance do primeiro gol, e portanto o VAR, sempre ele, deveria ter sido acionado. Mas ele pode até ter forçado a Mandzukic a jogar a bola para as próprias redes, participando do lance, só que apenas seu braço estava à frente, o que anula o impedimento. Paciência. Tomara que lembre também que sua seleção fez um excelente mundial e mostrou ao mundo que um país de 4 milhões de habitantes pode formar um timaço, orquestrado pelos incríveis Modrid e Rakititc e muita garra para suportar três prorrogações
Se estiveram no Lujniki, franceses e croatas lembrarão orgulhosos de terem acompanhado uma grande festa de encerramento, com participação especial do um debochado Ronaldinho Gaúcho. Contarão que três homens invadiram o campo e logo foram contidos pelos seguranças. A Copa também é usada para quem quer aparecer.
O goleiro Lloris, capitão da França e 21º homem a erguer a taça da Copa do Mundo, lembrará que sua liderança e defesas foram fundamentais no Mundial, mas que por um momento achou que poderia por tudo a perder ao vacilar na saída de bola e permitir o gol de Mandzukic. Bom, na verdade, de que importa? A vitória de 4 a 2 estava decretada e a consagração de Lloris e Cia. também.
Os franceses também haverão de lembrar, por favor, que sua seleção tinha a cor e a marca de um país de imigrantes. De Camarões, Mali, Guiné. Da Roissy-en-Brie, terra de Pogba, e dos quatro gols de Griezmann, o "Pequeno Príncipe". Ele sai novamente como artilheiro da equipe na competição, mas desta vez com a taça, diferentemente da Euro de 2016 em casa. Aliás, quem haverá de lembrar dessa Euro com o fantasma sendo exorcizado dois anos depois?
Foi a Copa do VAR, mas também das matrioskas, as bonequinhas russas, do choro e das quedas de Neymar, que saiu como piada internacional, de mais um fracasso de Cristiano Ronaldo e Messi, da ótima geração belga, do artilheiro Harry Kane, dos excelentes croatas Rakititc, Modric, Perisic, do "zerado" Giroud. Como Guivarc'h em 1998, ele passou a Copa em branco, mas subiu ao palco com a taça. De que importa? Quem haverá de lembrar da seca de gols de Giroud?
Os franceses vão preferir lembrar que a seleção fez quatro gols em uma final de Copa, algo que não acontecia desde 1970, quando o Brasil fez 4 a 0 na Itália e conquistou o tri no México. Allez les Bleus!
Daqui 50 anos, em um bar qualquer da Paraíba, com sorte lembrarei que escrevi essas linhas vendo tudo acontecer na frente dos meus olhos, ao vivo e a cores. Vou lembrar das andanças pela Rússia, das pessoas incríveis, das nem tanto assim. E você, do que lembrará da Copa na Rússia daqui 20, 30, 50 anos? Até o Catar em 2022!

Terra.com


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