A
articulação política do prefeito ACM Neto (DEM) parece ter jogado a toalha com
relação às chances de conseguir atrair o PP para a campanha ao governo do
democrata. Apesar das ótimas relações que mantêm com os herdeiros da legenda na
Bahia, os deputados Cacá Leão e Mário Negromonte Jr., parlamentares que
negociavam a adesão da legenda no Estado ao projeto netista concluíram que para
o PP é mais difícil do que para seu irmão de Centrão, o PR, deixar o governador
Rui Costa (PT), candidato à reeleição.
Uma das razões é que os progressistas não vislumbram
qualquer ganho político para poder dar a guinada na direção do prefeito. Além
da vice, o PP tem hoje duas secretarias, além de vários cargos espalhados pela
máquina estadual, posições que nem de longe o prefeito pode compensar usando a
estrutura da Prefeitura. Além disso, a oferta de uma vaga na chapa com que Neto
vai concorrer não parece atrativa o suficiente para levar a legenda a deixar o
conforto da relação com o governo simplesmente por apoio a um novo projeto para
o Estado.
Outro ponto avaliado sobre o PP é que, dada as suas
características e o relacionamento que seus líderes mais jovens possuem com o
prefeito, o partido não teria a menor dificuldade de passar a integrar a base
de Neto, no caso de ele se tornar governador. “Aqui em Brasília o lema do PP é
que ele não derruba governo. Ainda mais que, pela forma como atua, se Neto
ganhar (o governo) no outro dia ele vai estar junto, com todos os seus
deputados”, diz um parlamentar ligado ao prefeito que acompanhou de longe as
conversas com o partido.
Uma dificuldade adicional para negociar com o PP decorreu
do respeito que o partido desfruta junto à direção nacional. Além do
vice-governador, o partido tem o suplente de senador e ainda quatro deputados
federais, o que faz com que o comando da legenda avalie que o partido é muito
representativo para tentar impor qualquer direção à legenda na Bahia. por
melhor que sejam suas relações com o DEM nacional, ponto de apoio fundamental
da candidatura estadual do prefeito.
A situação é diferente, no entanto, para o PR, que, na
avaliação geral, tanto de membros da legenda quanto do grupo do prefeito, vive
uma longa crise de “subrepresentação” no governo. Os republicanos se
queixam, por exemplo, de que têm a secretaria estadual de Turismo, mas não
controlam a Bahiatursa, órgão executivo da pasta. Além disso, foram
explicitamente excluídos da chapa com que Rui Costa vai disputar a reeleição,
sinais de que estão menos bem aquinhoados na relação com o governo petista do
que o PP.
“Se o PR vier, eles vão ter espaço assegurado na chapa
(de Neto) e podem se tornar o maior partido da coligação do prefeito, ocupando
um espaço semelhante ao que o PSD ocupa hoje junto ao governo do Estado ou
mesmo como foi o PMDB em relação ao DEM aqui em Salvador”, avalia a mesma
fonte. Hoje, o pouco espaço de que o partido dispõe no governo, por
exemplo, poderia ser facilmente compensado na Prefeitura. Além disso, diz uma
outra fonte ligada ao prefeito, o deputado federal Ronaldo Carletto, hoje no
PP, já deu mostras de que quer migrar para o PR com vistas a se tornar
candidato ao Senado na chapa de Neto.
Os comentários no próprio Palácio Thomé de Souza são de
que parlamentar só não avançou ainda nas tratativas neste sentido porque ainda
não sabe se o prefeito será efetivamente candidato a governador da Bahia.
Política
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