Enquanto
prepara sua defesa contra a denúncia na Câmara dos Deputados, o presidente
Michel Temer busca argumentos econômicos como indicadores de crescimento e a
melhoria do ambiente de negócios como estratégia de convencimento dos
parlamentares. O Planalto tem sido alvo de pressão de partidos aliados ávidos
por indicações políticas para cargos comissionados e pelo pagamento de emendas
parlamentares, mas não consegue aplacar o desejo da base no ritmo exigido pelos
deputados.
Um
dos focos do governo é explorar a comunicação do "período mais longo de
inflação baixa pós-Plano Real" e a queda dos preços de produtos da cesta
básica, o que elevou o poder de compra do salário mínimo. Segundo dados do
Ministério da Fazenda, que foram apresentados a Temer, um salário mínimo compra
atualmente 16,7%, em produtos da cesta básica, do que há um ano.
A
Cesta Básica voltou a cair 0,91% esta semana, na 14ª queda consecutiva. A cesta
Procon de São Paulo custa hoje R$ 642,99 (6/9/2017) ante R$ 701,30 um ano atrás
(8/9/2016).
Em
paralelo, o Palácio do Planalto fará uma investida nesta semana para liberar
recursos para investimento, retomando o programa Avançar, focado em obras
lançadas pelos governos petistas, mas que estavam paradas. Essa liberação será
permitida com o desbloqueio de R$ 12,8 bilhões do Orçamento. O dinheiro ficou
numa reserva e, agora, o governo vai decidir a sua destinação.
A
estratégia foi debatida em reunião neste domingo no Palácio do Jaburu entre
Temer e os ministros Henrique Meirelles (Fazenda), Moreira Franco (Secretaria
Geralda Presidência), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Antonio Imbassahy
(Governo). Temer passou a receber deputados pessoalmente na semana passada,
assumindo parte da articulação com Imbassahy.
A
ofensiva do governo ocorreu depois da divulgação da pesquisa que mostrou que se
acentuaram os danos à popularidade do presidente: Temer tem apenas 3% de
aprovação, segundo o mais recente levantamento CNI/Ibope.
À
frente do Avançar, Moreira Franco vai se reunir para buscar liberações de verba
na terça-feira com o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira. A ideia é
contrapor a retomada de obras de salas de aula, quadras poliesportivas,
hospitais e pontes com a paralisia do fim do governo Dilma Rousseff.
"Não
podemos paralisar a Câmara e nem o País. A estabilidade econômica é fundamental
para o futuro. Não podemos deixar quem quer parar o país por causa da política
eleitoral prejudicar a população só para ter palanque", diz o líder do
PMDB, deputado Baleia Rossi (SP). O deputado se reunirá nesta segunda-feira à
noite com o Dyogo Oliveira para afinar a estratégia.
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