O
Hospital Psiquiátrico Lopes Rodrigues, localizado em Feira de Santana, a cerca
de 110 km de Salvador, vai encerrar as atividades em breve. A informação foi
confirmada ao BNews pelo presidente do Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia
(Sindimed-BA), Francisco Magalhães. Em
março deste ano, o site publicou que o primeiro hospital psiquiátrico do estado
a fechar as portas foi o Afrânio Peixoto, localizado em Vitória da Conquista.
Reinaugurado pelo governo do estado, o hospital mudou de perfil e funciona como
uma referência para o Hospital Geral de Vitória da Conquista (HGVC), com leitos
de enfermaria e centro cirúrgico para pequenos procedimentos.
“O hospital está fechando. A Sesab [Secretaria
de Saúde do Estado da Bahia] tem o projeto de fechar mais dois hospitais. Estão
na lista o Mário Leal e Juliano Moreira. Quando você fecha um hospital como
esse, você está expondo pessoas que precisam desse tratamento a própria sorte,
que podem até morrer. Infelizmente, é uma total irresponsabilidade do governo.
Há uma resistência por parte de servidores e familiares, mas infelizmente o
governo não está sendo sensível”, disse o presidente do Sindimed-BA.
Em março deste ano, o Conselho Regional de
Medicina do Estado da Bahia (Cremeb-BA) informou que o estado da Bahia, de
acordo com o Ministério da Saúde (MS), tem apenas dois leitos de saúde mental
em hospitais gerais, enquanto somente na capital baiana, a demanda solicita 150
leitos especializados. Ainda segundo o Cremeb-BA, outro fator que deixa o
Ministério da Saúde sob alerta é o fato da Sesab não ter enviado nenhum projeto
de como será o fechamento e quais medidas serão adotadas para suprir a perda
das estruturas. Para o Cremeb, que se posiciona firmemente contra a decisão do
fechamento das unidades, “o cenário é preocupante, tendo em vista que a
alternativa oferecida pela Sesab – de substituir os hospitais psiquiátricos por
atendimento em residências terapêuticas e, nos casos de internamento, em
hospitais gerais, conforme prevê a Lei 10.216/2001 – não atende as necessidades
dos pacientes com doença mental. Por um lado, porque inexistem residências
terapêuticas em número e estrutura suficientes para adequada assistência, por
outro porque, como sobejamente conhecido, a saúde pública convive com
emergências superlotadas, estruturas deficitárias, equipes incompletas,
unidades incapazes em muitas situações de atender a sua própria demanda”.
A presidente da Associação de Apoio a
Familiares, Amigos e Pessoas Portadoras de Transtornos Mentais (AFATOM-BA),
Rejane de Oliveira, que se reuniu com familiares de pacientes do Juliano
Moreira na semana passada, revelou que houve redução no número de psicólogos,
enfermeiros e equipe multidisciplinar. “Houve diminuição de toda equipe interna
do hospital. Está existindo um desmantelamento da saúde nos hospitais
psiquiátricos, para depois o governo fechar esses hospitais psiquiátricos. Tem
familiares que estão chegando no Juliano Moreira e estão retornando para casa
sem medicamos, porque não estão sendo feitas matrículas”, afirmou Rejane de
Oliveira.
Por meio de nota enviada ao site, a assessoria
da Sesab disse que não procede a informação de que existe decisão por parte do
estado de fechamento do hospital psiquiátrico. Além disso, informou também que
"no que tange à saúde mental, o que se vem construindo, dialogicamente com
todos os segmentos envolvidos, são novas formas de cuidado às pessoas em
situação de sofrimento ou transtorno mental, através da implementação da Rede
de Atenção Psicossocial em todo o Estado, com base nos marcos legais relativos
à Saúde Mental".
Bocão
News
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