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terça-feira, 20 de junho de 2017

Investimento contra trabalho escravo aumenta, mas continua insuficiente



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O investimento do governo federal para combater o trabalho análogo ao escravo cresceu 53,4% entre janeiro e junho, na comparação com igual período do ano passado. Em 2017, R$ 1,049 milhão foi destinado para 42 operações em que foram fiscalizadas empresas rurais e urbanas, de acordo com informações do Ministério do Trabalho. Mas, na opinião de especialista consultado pelo DCI, o gasto é muito pequeno para coibir essa prática.
"O trabalho escravo é muito difundido no País, inclusive em áreas distantes e pouco acessíveis. Por isso, essa quantia usada pelo governo é insuficiente para combater o problema e reflete o desinteresse das classes dirigentes em fazer com que essa questão seja resolvida", afirma Roberto Piscitelli, professor de economia da Universidade de Brasília (UNB).
Segundo dados do Portal da Transparência, esse investimento aparece entre os menos expressivos da União neste ano. Foi menor, por exemplo, que as despesas com premiações culturais, artísticas, científicas e desportivas, que já alcançaram R$ 1,658 milhão. Professora de direito da Fundação Getulio Vargas (FGV), Juliana Bracks diz que o trabalho análogo ao escravo é um problema grave, que ocorre em maior frequência do que a população imagina. "Vemos brasileiros e estrangeiros nessa situação, que acontece tanto no interior do País quanto nas grandes capitais", afirma ela.
Exemplo disso é a jornada de trabalho de 34 horas seguidas a que eram submetidos motoristas de caminhão de uma empresa de logística. A companhia foi condenada a pagar R$ 15 milhões após ação realizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), em conjunto com a Polícia Rodoviária Estadual, no Estado de São Paulo, o mais rico da federação brasileira. Ao proferir a sentença, a juíza Ana Lúcia Castanho Ferreira indicou que "a prática de jornadas exaustivas, tal como constatada nos presentes autos, pode, sim, configurar o labor em condição análoga à de escravo, sendo desnecessária a existência de privação da liberdade de ir e vir".
A restrição da liberdade, entretanto, também é praticada por empregadores. Segundo o Ministério do Trabalho, 1.111 pessoas foram libertadas, em 2015, após operações pelo País. Números ainda maiores foram registrados em 2007 (5.999) e 2003 (5.223). Entre as vítimas dessa pratica, são encontrados trabalhadores pobres e de baixa instrução, muitas vezes estrangeiros trazidos para o Brasil ilegalmente. Para Piscitelli, o problema tem raízes históricas. "Fomos o último País ocidental a acabar com a escravidão formal, mas muitos vínculos de trabalho semelhantes se mantiveram durante o tempo", aponta o especialista.


Ascom Força Sindical



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