O mercado de trabalho
continuou se deteriorando em todo o país no primeiro trimestre deste ano. Ainda
que a piora seja disseminada, contudo, a intensidade varia entre as regiões
O Nordeste, por exemplo,
manteve o ritmo forte de corte de vagas e reduziu o nível de emprego em 4,9%
sobre o mesmo trimestre de 2016, aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad) Contínua. Já o Sudeste, penalizado no início da crise pelo ritmo
forte de demissões na indústria, arrefeceu o ajuste e registrou queda de 0,5%,
na mesma comparação.
"A diferença de
intensidade entre as regiões é significativa, mas o choque foi muito forte na
ocupação", afirma o economista Fernando Duca, do Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Para ele, a
estabilização do mercado de trabalho, esperada para o segundo semestre deste
ano, pode ser postergada diante da atual crise política. Os investimentos,
pondera, que ainda não davam sinais claros de melhora, devem se retrair diante
do momento de incerteza.
Com eles, a perspectiva de
novas contratações também tende a sumir do radar dos empresários. "Quando
você tem uma crise como essa, em que não sabe quem vai ser o presidente amanhã,
a tendência é de retração dos investimentos. Isso dificulta a retomada".
Os dados do primeiro
trimestre ainda mostram que a pior situação é a do Nordeste, que tem "as
piores taxas em praticamente qualquer critério". Entre o primeiro
trimestre de 2014, antes do início da recessão, e o mesmo período de 2017, o
nível da ocupação - a proporção de empregados dentro do total em idade para
trabalhar - recuou de 51,6% para 45,8%. O número de desempregados nesse
intervalo cresceu 75,1%, de 2,3 milhões para 4 milhões.
O quadro também é pior na
região Norte, que acelerou o ritmo de corte de postos de trabalho. Entre
janeiro e março, a ocupação recuou 4,2%, pior resultado da série. No quarto
trimestre de 2016, a queda tinha sido de 3,5%, sempre na comparação com igual
intervalo do ano anterior.
Continua a seguir...
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