Deputados federais da base
aliada de Temer preferem contrariar o governo a votar a PEC da Previdência. O
receio é de impopularidade junto a eleitores. Levantamento feito pelo ‘Estado’
aponta que mais de 60% dos 251 deputados que disseram ser contrários à proposta
da reforma da Previdência integram a base aliada do presidente Temer na Câmara
dos Deputados. Os partidos da oposição compõem cerca de 40% dos votos
contrários. O número é alto mesmo nos dois principais partidos da base. No
PMDB, partido de Temer, 16 dos 64 deputados afirmaram que votarão “não” ao
projeto. Dentre os tucanos, 18 de 47 se manifestaram contra.
Em geral, parlamentares
justificam seu voto “não” por receio das reações que o voto favorável pode
gerar junto ao eleitorado a pouco mais de um ano das eleições de 2018. Para o
tucano Pedro Cunha Lima (PB), é necessário reformar a máquina pública antes de
fazer uma reforma da Previdência. O também tucano Fabio Sousa (GO) afirma que
propor uma reforma levando em conta apenas o ponto de vista financeiro é um
erro. “Você tem que observar, por exemplo, a questão social. Não se pode olhar
apenas o déficit.”
A intenção de voto contrário
se manifesta mesmo com a possibilidade de alteração dos pontos cruciais do
projeto, que o governo já afirmou que não pretende negociar: a alteração da
idade mínima para aposentadoria de homens e mulheres, a criação de uma regra de
transição para homens com menos de 50 anos e mulheres com menos de 45 e a
diminuição da exigência de 49 anos de contribuição para ter direito à
aposentadoria integral. Vitor Valim (PMDB-CE), por exemplo, diz que mesmo com
essas alterações, seguiria contrário à reforma. Dentro do PP, partido que tem o
Ministério da Saúde, dez dos 47 parlamentares são contra a matéria. Jerônimo
Goergen (RS), contra a matéria, diz que o governo precisa ser mais firme. “Toda
hora [O GOVERNO]sinaliza uma coisa diferente. Isso mostra que o governo não
sabe o que pode ou não ser mudado.”
O PSB, por sua vez, apesar
de ter o Ministério de Minas e Energia, tem 20 deputados da sua bancada de 35
parlamentares declarando voto contrário ao projeto de Temer. A deputada Janete
Capiberibe (AP), por exemplo, diz ser radicalmente contra a modificação da
Previdência que está em vigor. “São muitos direitos adquiridos pelos
trabalhadores que não devem ser retirados”, afirma. O deputado Takayama (PR)
diz que não irá apoiar a reforma da maneira que está sendo feita. “Se todo
mundo tem que entrar para o sacrifício, que a classe patronal também pague. Não
se pode penalizar só o trabalhador”, afirmou.
Continua a seguir...
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